Montadoras freiam preços em nome da disputa de mercado

A disputa por participação de mercado, aliada a metas de venda agressivas estipuladas junto às matrizes, fez com que o preço médio de venda de automóveis no mercado brasileiro de entrada se mantivesse estável no último ano. Nos casos em que houve reajuste este sempre ficou bem abaixo dos 6% de inflação nos últimos doze meses, porém em outros registrou-se redução no valor cobrado há um ano – cabe lembrar que até março de 2010 havia redução no valor do IPI.

De acordo com levantamento da consultoria ADK Automotive a média de variação de preços de veículos 0 KM no Brasil de fevereiro de 2010 para o mesmo mês de 2011, sem considerar a inflação do período, foi de 1,2% negativo.

Para Paulo Garbossa, diretor da ADK, as montadoras estão segurando a elevação dos preços por receio de perda de participação de mercado: “Ninguém quer ser o primeiro a aumentar preços”. Mas, acredita, “depois que a primeira o fizer, as outras seguirão o mesmo caminho”.

Segundo levantamento realizado pela Agência AutoData o preço do Ford Ka básico caiu de R$ 24,3 mil praticado em março de 2010 para R$ 23,9 mil neste mês. Os dados são de concessionário situado em São Paulo.

Outro modelo da Ford também teve o preço reduzido no período, o Novo Fiesta hatch 1 litro quatro portas: dos R$ 27,4 mil de um ano atrás para R$ 26,9 mil agora.

No caso do Chevrolet Celta básico o preço base manteve-se inalterado, na faixa de R$ 23,9 mil. O Volkswagen Gol de entrada teve aumento médio de R$ 500, bem abaixo da inflação, caso semelhante ao do Fiat Uno, acréscimo de R$ 300.

Para o presidente da Fenabrave, Sergio Reze, “as concessionárias estão perdendo boa parte de suas margens para fazer essa guerra de preço”. Segundo o executivo não é possível avaliar quando este movimento terá fim. “É como feira, tem promoção todo dia. É igual ao preço do tomate quando o feirante quer ir para casa. Guerra de preços só se sabe quando começa, nunca quando acaba.”

Para Garbossa as montadoras têm-se utilizado da redução da margem da cadeia como um todo como recurso, especialmente do lado dos fornecedores e das concessionárias. “A empresa pede 1% para o fornecedor, aperta o cinto um pouco e tira mais 1% do concessionário.”

Ele acredita, também, que a indústria está compensando, em alguma medida, a alta do preço das commodities com inovações tecnológicas e ganhos de escala. “A montadora adota um novo material, diminui o custo fixo com aumento do volume e há esta compensação. Mas, para isso, há um limite”.

Este limite, acredita o consultor, não está longe: deve apresentar-se no segundo semestre, calcula. “As margens da indústria já foram reduzidas nestes últimos quatro anos de aumento da concorrência, com diluição das vendas pelas cada vez mais numerosas marcas do mercado local.”

Da Autodata