Montadoras nos EUA: Demissões escondem reestruturação
“Querem fazer o trabalhador pagar a conta de uma nova reestruturação produtiva que mais uma vez beneficia apenas as empresas”. A denúncia é do secretário de Organização da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT), Valter Sanches sobre a onda de demissões anunciadas nos últimos dias nos EUA.
As três grandes montadoras e uma autopeças irão demitir 94,5 mil metalúrgicos naquele país. São 30 mil na GM; 30 mil na Ford; 20 mil na Delphi e 14,5 mil na DaimlerChrysler.
A desculpa é que demitindo evitam o fechamento de fábricas, o que causaria uma crise social muito maior. “A verdade é bem diferente”, rebate Sanches.
Ele explica que as montadoras americanas querem baixar os preços de seus produtos usando a guerra fiscal, enxugando fábricas e, principalmente, precarizando a mão-de-obra como acontece por aqui, com menos trabalhadores, menos direitos e novas fábricas longe dos sindicatos. Por traz dessa jogada está uma briga feroz pelo domínio do mercado.
EUA querem seguir asiáticos
Valter Sanches destaca que o consumo de veículos no mundo está parado.
As montadoras asiáticas, entretanto, conseguem aumentar suas vendas com produtos mais baratos justamente porque apelam para a precarização.
As norte-americanas tentam agora adotar os mesmos métodos, o que ainda não aconteceu apenas porque os trabalhadores na região onde ficam as grandes fábricas resistiram.
“Não é problema de administração das empresas”, explica o dirigente. É que, como acontece aqui, na região das grandes montadoras dos EUA os trabalhadores estão melhor organizados para defender seus direitos, enquanto em outras regiões não estão.
Por isso a CNM defende a organização nas empresas, inclusive com o pessoal terceirizado, através da formação de comitês mundiais de trabalhadores.
“Não pode o companheiro de um lado sair ganhando enquanto o outro perde seus direitos”, afirma Sanches, que participa do Comitê Mundial dos Trabalhadores na DaimlerChrysler que nesse mês irá discutir o assunto.