Montadoras param de demitir em julho

Redução prolongada de IPI ainda não estimulou indústria a reverter corte de 12 mil na crise

O emprego nas montadoras brasileiras parou de recuar, depois de oito meses de cortes. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os empregos somaram 119.598 em julho, com 87 contratações. A alta de é de apenas 0,1% sobre junho, muito pouco perto dos números animadores sobre vendas.

Até outubro, quando a crise se gravou no setor, as vagas nas montadoras somavam 131.717. Desde então, portanto, 12,2 mil vagas foram eliminadas.

As vendas de veículos novos no país recuaram em julho na comparação mensal, mas podem recuperar a trajetória de alta antes do fim progressivo do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a partir do final de setembro, segundo avaliação do presidente da associação de montadoras, Anfavea.

As vendas em julho recuaram 4,9% em julho frente ao recorde histórico de junho, para 285,4 mil unidades.

“Pode haver efeito de antecipação de compra, sim”, afirmou o presidente da Anfavea, Jackson Schneider, ao ser questionado sobre o movimento futuro das vendas antes que as alíquotas do IPI voltem a subir a partir do início de outubro.

O governo decidiu prorrogar no final de junho, por uma segunda vez desde dezembro, IPI zerado sobre veículos 1.0, mas a renovação do desconto vale até 30 de setembro.

A partir daí, a alíquota zerada sobe para 1,5% outubro, depois dobra em novembro, avança a 5% em dezembro e volta aos originais 7% em janeiro.

As vendas de automóveis 1.0 correspondem a mais da metade do total de veículos comercializados no país.

“A exemplo do que ocorreu antes, os consumidores podem querer aproveitar o imposto menor”, comentou Jackson, citando que as vendas no mercado interno, além do desconto no IPI estão sendo impulsionadas por aumento da confiança do consumidor e crescimento no crédito, que já volta a oferecer financiamentos em até 72 vezes.

Outro indicador de que a produção deve reagir é a falta de estoques suficientes para atender á demanda. Pelas contas da Anfavea, o estoque de veículos em julho, de 208,8 mil veículos, ainda não retornou a nível considerado “ideal”, apesar da queda nas vendas. Depois da correria dos consumidores em junho, os estoques da indústria ficaram em 18 dias de vendas, evoluindo a 22 dias em julho, quando o ideal são 25 dias. A produção de veículos no Brasil em julho caiu 0,9% em julho sobre junho.

Do Jornal do Brasil