Monteiro Lobato e as discussões sobre petróleo

A discussão em torno do marco regulatório do pré-sal, que vem acontecendo há algum tempo e ganhou ênfase nesta semana, nos remete a um passado recente na história brasileira, quando o tema petróleo também foi muito debatido.

A diferença é que, na época, a discussão girava em torno da existência ou não de petróleo no Brasil.

Até então, os estudos geológicos, sob a orientação de norte-americanos, apontavam para a inexistência dessa riqueza em solo brasileiro.

O escritor Monteiro Lobato foi uma das pessoas com papel fundamental na conquista brasileira da auto-suficiência na produção de petróleo. Por meio da literatura de ficção ele antecipou um sonho. Escreveu um livro infantil chamado “O Poço do Visconde”, que fala do primeiro poço
de petróleo brasileiro – encontrado no Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Dona Benta.

O livro foi uma espécie de janela onde as crianças da primeira metade do século XX puderam antever o que está acontecendo agora, com o Brasil produzindo petróleo.

Há um trecho no livro em que o Visconde de Sabugosa diz que no momento que o Brasil tivesse petróleo, todos deixariam de ver “milhões de brasileiros descalços, analfabetos, andrajosos – na miséria”.

Essa era a visão do escritor. Com o petróleo, o Brasil deixaria de ser um grande exportador de café e alcançaria a independência econômica e a prosperidade para o bem de seu povo.

Esse é o grande debate que deve ser feito no novo marco regulatório.

De que é preciso que toda a sociedade brasileira usufrua da riqueza dessa descoberta, não só os Estados detentores das reservas petrolíferas e alguns grupos de interesse.

É necessário, antes de tudo, buscar o que for mais adequado aos interesses do conjunto de nossa sociedade, onde se inclui, também, as próximas gerações de brasileiros.

Subseção Dieese do Sindicato