Morador do ABC vai pagar pedágio mais caro para usar Rodoanel

Governo do tucano José Serra fixa em R$ 6 preço do pedágio do trecho sul e R$ 4,50 o do leste, que terá de ser construído; trecho oeste custa R$ 1,30. Cobrança deverá começar até o final deste ano

 

Os motoristas vão pagar mais caro para circular pelos trechos sul e leste do Rodoanel em São Paulo. Embora o modelo adotado pelo governo do Estado não seja por quilometragem, proporcionalmente a tarifa-teto (que será referência no leilão de concessão) está bem acima da usada para o trecho oeste.

O governo fixou o preço de R$ 6 para o trecho sul e R$ 4,5 para o leste. Em 2008, quanto foi leiloado o trecho oeste, a tarifa de referência era de R$ 3. Com o deságio de 61%, o pedágio caiu para R$ 1,16 e hoje está em R$ 1,30.

A explicação é que, desta vez, quem vencer o leilão terá não só a obrigação de administrar o trecho sul, mas também construir todo o trecho leste. No leilão anterior, a empresa vencedora ficou responsável apenas pela administração da estrada. Com pedágios mais caros, a expectativa do governo é que a empresa tenha uma receita tarifária de R$ 26,831 bilhões durante os 35 anos de concessão (R$ 766 milhões por ano), conforme apresentação do governo durante audiência pública.

Em compensação, a vencedora terá de investir durante a concessão R$ 5,036 bilhões nos dois trechos. Desse montante, 80% refere-se ao custo de construção do trecho leste, que abrange cerca de 43 quilômetros dos 103,7 quilômetros de extensão total de ambos os trechos. Só as despesas com desapropriações vão custar R$ 1,157 bilhão.

De acordo com a Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), 1.071 edificações terão de ser removidas para a construção do trecho leste, em 743 hectares, dos quais 72% em área urbana.

Segundo o secretário de Transportes do Estado, Mauro Arce, possíveis custos adicionais com desapropriações serão arcados pelo vencedor da licitação. “Mas, se as despesas com desapropriação forem inferiores à nossa estimativa, espero que as empresas repassem essa diferença às tarifas”, comentou. A taxa de retorno prevista deve ficar em torno de 8%, mas há quem duvide desse número. Segundo fontes, a taxa pode ficar entre 5% e 6%, o que tiraria muita gente do páreo.

As licenças ambientais também ficarão sob responsabilidade da concessionária. E elas terão de ser rápidas no processo, de desapropriação ou do licenciamento ambiental. Isso porque, após a assinatura do contrato, prevista para julho, a concessionária terá 30 meses para terminar o trecho. O início das obras deve começar tão logo o contrato de concessão seja assinado.

O secretário afirmou ser possível iniciar a cobrança de pedágio “até o fim do ano”. Isso, ressalvou Arce, se o contrato for mesmo assinado em 27 de julho. A parte sul está sendo construída pelo governo. Quem levar esse ativo terá de construir do zero o trecho leste.

As propostas precisam ser encaminhadas em 27 de abril para, um mês depois, ser anunciado o vencedor da concorrência. Será o vencedor aquele que oferecer a menor tarifa.

O governo prevê que passarão em média 257 mil veículos pelas praças de pedágio das rodovias.

 

NÚMEROS

R$ 26,83 bilhões é a previsão de receita tarifária dos trechos sul e leste do

Rodoanel durante os 35 anos de concessão

R$ 5,036 bilhões é o volume de investimentos nos dois trechos durante o período de concessão. 80% desse valor será usado na construção do trecho leste

 Do Estado de S. Paulo, com Redação