Morre Osvaldinho Cavignato, fundador da subseção do Dieese no Sindicato
Economista, foi ferramenteiro na Volks e ficou 78 dias preso pelo DOI-CODI sob tortura sistêmica. Em 1981, assume o Departamento Intersindical na categoria
Foi com imensa tristeza que a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC recebeu a notícia do falecimento do companheiro Osvaldo Rodrigues Cavignato, o Osvaldinho. Aos 79 anos, o economista morreu na manhã desta quarta-feira, dia 10, em São Paulo, por complicações do Alzheimer.
Aprendiz de ajustador mecânico formado pelo Senai, em Piracicaba, metalúrgico no ABC de 1958 até 1975 e ferramenteiro na Volks, foi o responsável pela primeira subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no país, dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema – hoje, ABC.
Filiou-se nos anos 1970 ao Sindicato e, em 1974, colaborou com a realização do 1º Congresso da categoria quando conheceu o então diretor Luiz Inácio Lula da Silva. Mais tarde, ainda estudante de economia, é convidado a realizar um trabalho na entidade e é chamado por Lula para montar um departamento de estudos econômicos na base, sendo contratado em agosto de 1975.
Dias depois de começar suas atividades, em 6 de outubro, é preso pela ditadura na própria sede do Sindicato devido a sua atuação no movimento estudantil e por integrar quadros do Partido Comunista. É levado ao DOI-CODI, órgão máximo da repressão, onde dias depois o jornalista Vladimir Herzog era morto sob tortura. Ficou 78 dias preso, sendo torturado sistematicamente. Foi solto em dezembro de 1975 e processado na Justiça Militar por seu vínculo partidário.
Em 1979, novamente convidado por Lula, retorna ao Sindicato e propõe que seja contratado por meio do Dieese para incorporar os conhecimentos da instituição, teóricos e científicos. Dava-se início à criação da primeira subseção do Departamento em uma entidade sindical, projeto pioneiro que, mais tarde, se expandiu em todo o movimento.
Em meados de 1980, ocorre nova intervenção no Sindicato. Em 1981, Osvaldinho assume a coordenação da subseção na categoria. Com apenas uma mesa, calculadora, caneta e papel, Osvaldinho iniciava um trabalho protagonista na base mantido até hoje. O companheiro deixa os filhos Fredy, Simone, Deise e Débora, netos e toda a categoria metalúrgica.
Osvaldinho Cavignato, presente!