Mortalidade infantil no Brasil cai 77% em 22 anos, aponta Unicef

Para a ONU, medidas simples são urgentes para que se cumpram as metas assumidas globalmente

Taxa de mortalidade caiu de 62 para cada mil nascidos vivos em 1990 para 14 em 2012. Melhoria brasileira foi mais acelerada do que a média mundial, que caiu 47% no mesmo período

A mortalidade infantil no Brasil caiu 77% entre 1990 e 2012, de acordo com o Relatório de Progresso 2013 sobre o Compromisso com a Sobrevivência Infantil: Uma Promessa Renovada, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Segundo o estudo, em 1990, a taxa de mortalidade infantil no Brasil era 62 para cada mil nascidos vivos. Em 2012, o número caiu para 14, o que coloca o país em 120º lugar no ranking entre mais de 190 países. A lista é decrescente e, quanto mais à frente, maior o índice de mortalidade.

A queda brasileira foi mais acelerada do que a média mundial, que caiu 47% nos últimos 22 anos. Em números absolutos, a redução significa que morrem 17 mil crianças a menos por dia. Em 1990, a taxa de mortalidade infantil mundial era 90 para cada mil nascidos vivos e atualmente caiu para 48. Há duas décadas, as estimativas eram que mais de 12,6 milhões de crianças abaixo dos 5 anos morriam por ano. Hoje, essa média caiu para 6,6 milhões.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comemorou o resultado e destacou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos programas sociais realizados pelo governo federal nos últimos dez anos. “O Brasil reduziu mais a mortalidade infantil que todo o mundo, mais que toda a América Latina, mais que os emergentes, mais que os BRICS. Se alguém pergunta por que existe o SUS, uma parte da resposta aparece nesses números”, afirmou.

“Importante ressaltar o aprendizado daquilo que deu certo e onde podemos avançar. O maior impacto se deu nos últimos dez anos, quando a expansão dos serviços de saúde se deu junto com a expansão de programas sociais para reduzir a pobreza. Onde expandimos o saneamento e a presença dos agentes comunitários de saúde, com orientação e prevenção, tivemos queda muito grande na mortalidade infantil”, defendeu.

Queda na África

A taxa de mortalidade infantil calcula a probabilidade de morte entre o nascimento e os 5 anos de idade a cada mil nascimentos. Ela compõe a expectativa de vida ao nascer, que faz parte do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e é um dos indicativos mais usados para mensurar o desenvolvimento dos países e nortear a elaboração de políticas públicas.

O Brasil teve melhora em todos os índices apurados. No ranking do Unicef, o país está atrás de outros desenvolvidos como Finlândia, Japão, Cingapura, Noruega e Islândia – primeira colocada no ranking. Os cinco países com os piores índices de mortalidade infantil estão no continente: Serra Leoa, Angola, Chade, Somália e Congo.

De acordo com o Unicef, a redução da taxa de mortalidade se deve ao maior acesso a tratamentos de saúde e tratamentos mais eficazes, combinado ao comprometimento político dos países. O destaque para a queda do índice mundial é a aceleração da redução das taxas de mortalidade infantil entre 1990 e 1995 – especialmente na África, que teve queda de, pelo menos, metade de suas taxas desde a década de 1990.

Ainda assim, o fundo alerta para a possibilidade do não cumprimento das metas do Objetivo de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, referente à redução da mortalidade infantil. “Sem progressos mais rápidos na redução de doenças que podem ser prevenidas, o mundo não vai cumprir a meta até 2028 – 13 anos depois do prazo, e 35 milhões de crianças terão morrido entre 2015 e 2028 – crianças que poderiam ter vivido caso conseguíssemos cumprir essa meta”, informou o relatório.

Da Rede Brasil Atual