Morte de ativistas é investigada no Pará
A Secretaria de Segurança Pública do Pará enviou uma equipe de peritos e de policiais civis ao local onde foram assassinados o extrativista José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher, Maria do Espírito Santo da Silva.
Um dia antes, a presidenta Dilma Rousseff havia determinado ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Polícia Federal também seja acionada para ajudar na apuração do caso.
Os líderes extrativistas foram mortos a tiros na manhã de terça-feira 24, na área do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praialta-Piranheira, na comunidade de Maçaranduba 2, a 45 quilômetros do município de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. A delegacia local recebeu a denúncia por telefone.
Os corpos já estão no Centro de Perícias Científicas de Marabá e devem ser enterrados ainda nesta quarta-feira 25.
O Ministério Público Federal (MPF) informou que o casal já havia feito denúncias de desmatamento ilegal e informado nomes de madeireiros de Jacundá e de Nova Ipixuna que faziam pressão sobre os assentados e que invadiam terras para retirar madeira ilegalmente.
Informações iniciais da Comissão Pastoral da Terra (CPT) indicam que os extrativistas saíram de casa em uma moto na manhã de ontem e, cerca de 10 quilômetros depois, diminuíram a velocidade para atravessar uma ponte em péssimo estado de conservação.
Nesse momento, segundo a CPT, eles foram atacados por dois pistoleiros que estavam de tocaia na cabeceira da ponte. A pastoral informou que um detalhe confere contornos típicos de pistolagem ao crime: José Cláudio Ribeiro da Silva teve a orelha cortada pelos assassinos. Ele tinha 52 anos e a esposa, 51.
Luta pela floresta
“Meu tio sempre mostrava às pessoas que a floresta, mesmo em pé, dava muito lucro”, disse à Agência Brasil a sobrinha do casal Clara Santos.
“É importante enfatizar isso. Ele tinha um trabalho muito importante com as comunidades. Viajava muito para aprender alternativas simples que podiam ajudar as famílias a lucrarem com a exploração sustentável da floresta e depois ensinava o que aprendia”, lembra Clara, bastante emocionada durante o velório do casal.
O casal de extrativistas, disse a sobrinha, deve ser lembrado por seu trabalho de conscientização a respeito de formas de exploração sustentável da floresta e não apenas pelas denúncias contra extração ilegal de madeira. Apesar das muitas ameaças de morte que o casal recebia por causa das denúncias, Clara pede que os tios fiquem na memória das pessoas por sua dedicação ao trabalho com as comunidades locais. Receosa, Clara não faz qualquer tipo de acusação contra supostos mandantes. “Não quero fazer especulações”, diz.
Via Carta Capital