Morte do papa: Enterro será na sexta-feira

O Colégio de Cardeais decidiu ontem que João Paulo 2º será enterrado na próxima sexta-feira no túmulo da Basílica de São Pedro, no Vaticano, Itália.

A partir das 10h em Roma haverá missa de corpo presente e só depois ele será sepultado. Desde ontem a igreja foi aberta para visitação pública do corpo do papa.

Dois milhões de peregrinos e cerca de 200 autoridades de todo o mundo são esperados em Roma para a despedida de João Paulo 2º. Entre eles, Lula e Bush. O governo italiano organizou um forte esquema de segurança, que inclui 6.500 policiais e fechará o espaço aéreo no dia do funeral.

Na reunião do Colégio de Cardeais (o chamado Conclave) também ficou decidido o novo sistema de votação para a eleição do papa. Até a escolha de João Paulo 2º, os cardeais passavam dias fechados na capela Sistina, dormindo precariamente em poltronas, cadeiras e no chão.

Desta vez, os 117 cardeais que definem o novo pontífice e ao mesmo tempo são candidatos terão aposentos. Eles se dirigirão à capela somente para discussões e a votação em si.

O processo eleitoral deve durar 20 dias. Todos os presentes ao Conclave (dos cardeais aos funcionários do café ou da limpeza) terão de fazer juramento de que guardarão segredo sobre as deliberações.

Sucessão de uma Igreja dividida

João Paulo 2º visitou 129 países. Publicou livros, gravou CDs e realizou missas-shows concorridíssimos.

Canonizou mais santos que todos seus antecessores juntos. Com isso, nunca a mensagem de um pontífice teve um alcance tão grande. Só que seu papado foi marcado pela perda de fiéis pela Igreja Católica. Recuperá-los será o grande desafio de seu sucessor.

Se a mensagem papal teve um alcance tão grande, nunca dividiu tanto os fiéis. Isto porque os valores da ciência e da sociedade estão em conflito com os princípios religiosos.

Amor ao próximo, pacifismo e negação da pena de morte são temas comuns aos dois lados. Mas a proibição ao aborto, ao divórcio, às camisinhas e às pesquisas com células-tronco dividem.

Caberá ao novo papa solucionar essa questão para a Igreja Católica. O cardeal brasileiro Cláudio Hummes é apontado como um dos possíveis sucessores. Ele já foi próximo dos trabalhadores brasileiros, especialmente dos metalúrgicos. Mas ninguém garante uma reaproximação se assumir o poder.