Motores Búfalo: Vitória após 17 anos. Sem festa
Em dezembro passado, cerca de 100 metalúrgicos receberam parte de uma grana pela qual lutavam há 17 anos: as verbas rescisórias que a Motores Búfalo, de São Bernardo, devia a eles desde o encerramento de suas atividades, em 1985, quando fechou as portas sem pagar os trabalhadores.
A vitória aconteceu na Justiça no mais longo processo que o Sindicato já se envolveu. O tempo tornou o caso tão complicado que Paulo Afonso da Silva, o advogado que venceu a causa depois dela ter passado por muitas outras mãos, declara quase ter ficado louco com o processo.
“Fui até o fim porque prometi ao pessoal da Búfalo não me aposentar enquanto a empresa não pagasse o que devia a eles. E, apesar da briga duríssima que enfrentamos, não deu para festejar porque foi impossível obrigar a empresa pagar integralmente suas dívidas com os trabalhadores”, conta Paulo Afonso, que já foi vice-prefeito e secretário da Justiça em Diadema.
Sabotagem
A luta teve todo tipo de tumulto. Caminhão de som na porta do fórum, tentativa de leilões suspeitos, desaparecimento de documentos depositados em bancos, bandidos de colarinho branco nas negociações, sumiço de máquinas, credores sedentos por dinheiro, outras falências e, até, a Justiça cumprindo direitinho a lei ao determinar o pagamento aos trabalhadores.
“A maior parte dos méritos deve ser dividida entre o pessoal na Búfalo, que nunca desistiu da briga, e do Sindicato, principalmente o Departamento Jurídico, sempre defendendo os metalúrgicos com garra. O juiz Celso Alves de Rezende, da 3ª Vara Cível de São Bernardo, também teve uma atuação muito justa, coerente”, elogia Paulo Afonso. “O grande problema foi a Lei de Falências. Em sua forma atual ela é um instrumento contra os trabalhadores”, denuncia.