Motoristas de caminhão envelhecem e empresas se preocupam com falta de novos trabalhadores

Número de pessoas habilitadas para conduzir veículo de carga caiu 62,89% em uma década, segundo Senatran

Na última década, o número de pessoas autorizadas a dirigir um caminhão caiu 62,89% no país, segundo o Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito). Entre os motoristas com CNH (Carteira Nacional de Habilitação) da “categoria C”, eram 3.582.685 condutores habilitados em 2014, ante 1.329.455 no ano passado. Nem todos os habilitados na categoria C (veículos de carga total superior a 3.500 kg) atuam como caminhoneiros e há outras categorias que também podem prestar determinados serviços em rodovias.

Mas a redução na categoria C corrobora o que setores que dependem das estradas já têm observado no dia a dia: está faltando caminhoneiro no país. “Tem caminhões parados por falta de motorista. Todas as empresas de transporte hoje têm vagas. Há o equipamento, mas não o piloto. E as empresas acabam perdendo contratos”, diz Delmar Albarello, presidente do Setcergs (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística do Rio Grande do Sul).

Pesquisa divulgada pela CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) em 2024 apontou que a idade média do caminhoneiro é 46 anos. Também revelou que 28% dos caminhoneiros têm entre 46 e 55 anos de idade e 23% têm mais de 56.  “Não tem atraído jovens. Antes, era comum o pai passar o caminhão para o filho. Mas hoje, se o caminhoneiro tiver condições de pagar uma faculdade, ele não quer que o filho fique no caminhão. A categoria está envelhecendo”, diz Alan Medeiros, assessor institucional da CNTA.

A rejeição à profissão está ligada a uma lista de fatores, da falta de infraestrutura adequada de apoio ao motorista na estrada e o medo de assaltos até o valor do frete. Na mesma pesquisa, 35% dos motoristas entrevistados dizem que a chamada Lei do Piso Mínimo de Frete (Lei 13.703/2018) “nunca é respeitada” nas negociações. Outros 33% afirmam que ela “raramente é respeitada”.

Da Folha de São Paulo