Movimentos celebram unidade e ampliam pauta da manifestação
Jornada de Lutas
Agenda das centrais é saudada por diversas forças políticas não-tradicionais, que enfatizam importância dos movimentos para o fortalecimento da democracia real
São Paulo – Cerca de 7 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, reuniram-se na Avenida Paulista pelo Dia Nacional de Lutas. O ato foi organizado pelas principais centrais sindicais do país, com apoio de movimentos sociais, como de moradia, sem-terra e estudantes.
Durante sete horas, das 9h às 16h, lideranças dos diversos grupos se revezaram no microfone de um dos carros de som parados diante do Museu de Arte de São Paulo (Masp) para defender uma pauta unificada com diversos pontos, entre eles a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução do salário, fim do fator previdenciário, rejeição do projeto de lei que regulamenta terceirizações, reforma agrária, ampliação dos investimentos públicos em educação, saúde e transporte coletivo.
O ato foi saudado por militantes de outras organizações externas ao movimento sindical. “O mais importante é a conquista da unidade da sociedade organizada, que traz suas pautas para a rua com foco em torno de pontos decididos conjuntamente. É hora de aproveitar a mobilização, pautar as demandas dos trabalhadores”, avalia o economista André Cardoso, membro do coletivo Levante Popular.
Por volta das 16h, enquanto uma parte dos manifestantes decidiu encerrar sua participação do protesto na Avenida Paulista, outra parte seguiu em marcha em direção à Rua da Consolação, concluindo o ato na Praça Roosevelt.
A manifestação ganhou ares e sotaques semelhantes aos protestos de junho. O movimento Marcha das Mulheres, por exemplo, seguiu até a Praça da República e, dali, anunciava ainda a intenção de rumar até a região do Brooklin, na zona sul, onde ocorreria outra manifestação, pela democratização dos meios de comunicação, em frente à sede da Rede Globo. E às pautas trabalhistas foram se somando questões sociais como violência policial, homofobia e machismo.
“É muito importante recolocar a pauta dos trabalhadores na ordem do dia. E também falar de questões de fundo, da dívida externa, por exemplo, que consome 48% do orçamento federal”, afirma Thiago Aguiar, membro da bateria do movimento Juntos. “Mas o que aconteceu aqui tem uma característica bem típica do movimento sindical. Vai demorar um tempo para a gente romper com essa experiência que tem certos limites para avançar a algo novo. Mas é muito válida essa aliança com a juventude”, analisa.
Para a urbanista e professora da Universidade de São Paulo Ermínia Maricato, as manifestações de rua representam um fortalecimento da democracia. “O local da luta é a rua. Não em conselhos, em cargos. Eles são importantes, mas é na rua que se faz a democracia real”, avalia. Para ela, a ação dos movimentos sociais demostra autonomia. “Quando eles ignoram a ordem de ir para casa e seguem em marcha demostram que não têm dono. Tem organização, mas são independentes.”
Da Rede Brasil Atual