Mudança e reconstrução
Às vésperas da eleição presidencial, a pauta econômica não sai do noticiário: inflação, emprego, câmbio, auxílio emergencial, juros, expectativas de mercado, tudo junto e misturado.
E alguns indicadores econômicos aparecem com uma ligeira margem de melhora, como o desemprego, às custas de ocupações de baixa qualidade e em grande maioria na informalidade. E também a redução forçada do ICMS sobre os combustíveis, com rebatimento na queda de recursos para saúde e educação.
Mas é preciso observar com as devidas ressalvas esse movimento. Quando olhamos para a economia global, isso vem ocorrendo há algum tempo e de forma mais consistente. No Brasil, vem de forma atrasada e com uma gambiarra econômica que o atual governo não sustenta após as eleições.
Entre 2019 e 2021, o PIB brasileiro ocupa apenas a 32ª posição no ranking da retomada econômica, entre 50 países. O Brasil cresceu a uma taxa média de apenas 0,59% ao ano, ante média mundial de 1,54% no período. A renda média dos trabalhadores brasileiros, pouco maior que dois salários mínimos (R$ 2.652,00), é a pior desde 2013. O trabalhador que recebe um salário mínimo ganha o equivalente a US$ 1,10 por hora, enquanto no Canadá e nos Estados Unidos recebem US$ 15,00 e US$ 7,25 respectivamente, resultado de uma política ostensiva de desvalorização do salário mínimo nos últimos quatro anos.
Não há, portanto, o que comemorarmos. O desastre do atual governo em todos os campos de atuação, é um desastre também econômico. Enquanto trabalhadores, precisamos de um Brasil que coloque os trabalhadores no centro das políticas de desenvolvimento e de crescimento econômico. Que sejam bem-vindos os ventos da mudança, é urgente a nossa reconstrução.
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