Muita palha e pouco fogo
O título acima simboliza bem o que vem acontecendo no que diz respeito às LER/ DORT, esse conjunto de doenças originadas nas más condições de trabalho e desencadeadas por agentes que vão desde postos de trabalho ergonomicamente mal planejados até condições ambientais ruins e gestões autoritárias, repressoras e violentas.
Existem também outros fatores administrativos que impõem uma competição desenfreada, superação de limites pessoais, metas absurdas e inatingíveis, pressão, jornadas prolongadas e pausas insuficientes.
O bicho está pegando
Muitas fábricas na nossa base e muitas empresas dos mais variados ramos de atividade estão fazendo reestruturação em cima de reestruturação.
Reorganizam a produção e o trabalho, ganham produtividade, demitem o excedente, tornam a reorganizar e a demitir. Nessa espiral, aumentam a produtividade e os lucros, diminuem os custos e explodem o sofrimento, as doenças dos trabalhadores e o custo social do trabalho sem qualidade.
Esse custo não é pago pelas empresas e sim pelo INSS, ou seja, pela sociedade na forma de auxílio doença, indenizações por incapacidade e aposentadorias precoces por invalidez.
No mundo encantado…
Muita gente bem formada e bem colocada leva a vida organizando associações de portadores de doenças, promovendo atos públicos que apenas dão visibilidade a um problema conhecido há mais de duas décadas e servem de palanque para os aproveitadores do sofrimento alheio.
Esse pessoal propõe fóruns de debates, comitês permanentes e até dias de reflexão, mas, com todo poder que detém, não fiscalizam, interditam ou exigem mudanças no trabalho que adoece e degrada.
Sem trabalhadores organizados, sem ação sindical efetiva nos locais de trabalho e nas mesas de negociação e sem ação pública direta, não há mais que muita palha e pouco fogo.
Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente