Mulheres e a pandemia do coronavírus

Foto: divulgação

Se considerarmos o papel social tradicionalmente atribuído às mulheres na sociedade, marcado pelo preconceito e pela desigualdade, tanto na esfera pública, como na esfera privada no Brasil, o momento histórico exige um olhar cuidadoso para os impactos da pandemia na vida das mulheres.

Cerca de 70% do setor social e de saúde no Brasil é composto por mulheres. Neste sentido, são elas que estão na linha de frente no atendimento aos casos do coronavírus.

Elas ocupam 42% do trabalho informal no Brasil, e é delas que depende o sustento de milhares de famílias, ainda que recebam salários menores que o dos homens. Os impactos da pandemia, especialmente sobre as mulheres pobres, são enormes, uma vez que implicam em redução da renda e no alto risco de contrair o vírus porque estão mais expostas no local de trabalho ou porque não têm como cumprir medidas básicas para prevenção da doença no local de moradia. Culturalmente, elas realizam três vezes mais os trabalhos relacionados aos cuidados da casa e dos parentes mais próximos.

Como se não bastasse, sofrem com o aumento da violência doméstica. Só para citar um exemplo, em São Paulo assistimos a um preocupante aumento de 50% dos casos de violência durante a quarentena. No Brasil, que já tem um antecedente grave nesse aspecto, onde a população feminina sofre violência a cada quatro minutos e 43% dos casos acontecem dentro de casa, esse aumento da violência é extremamente inquietante.

Portanto, é preciso estimular a articulação de mulheres em rede de apoio mútuo; também é necessário divulgar, valorizar e potencializar iniciativas exitosas que estão sendo realizadas por mulheres. Por meio das redes sociais, mulheres contam histórias, confeccionam máscaras caseiras, oferecem atendimento psicológico e se solidarizam de inúmeras formas.

Além de ajuda econômica, as mulheres precisam influenciar nas decisões sobre as formas de intervenção na pandemia. São elas que mais sofrem os impactos, mas também as que melhor podem contribuir num momento em que o cuidado consigo e com o outro é a principal arma para enfrentar esta guerra.

Fonte: oxfam.org.br/.