Mulheres e a resistência à ditadura militar brasileira

Publicação da Associação Heinrich Plagge, que reúne desde 2015 trabalhadores brasileiros na Volkswagen vitimados pela perseguição política na empresa entre 1964 e 1985

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Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), as mulheres tiveram um papel decisivo na resistência ao regime. Desde o golpe, elas se mobilizaram em movimentos estudantis, partidos, sindicatos e até na luta armada. Organizadas em clubes de mães, associações de bairro e movimentos sociais, lutavam por demandas como o custo de vida e creches. Mulheres das periferias, donas de casa e trabalhadoras, destacaram-se nas comunidades eclesiais de base.

Essas mulheres romperam com o papel tradicional ao se engajarem na vida política. Além do ativismo pacífico, algumas participaram da luta armada, sofrendo com a repressão, tortura e violência sexual. A resistência não se limitou às grandes cidades; nas periferias, especialmente em São Paulo, mulheres migrantes organizavam-se para lutar por moradia, educação e saúde, com apoio da Igreja Católica, liderada por Dom Paulo Evaristo Arns, durante os anos mais violentos da ditadura, entre 1970 e 1974, no governo do general Médici.

Ligadas aos movimentos sociais, elas desenvolveram pautas próprias, denunciando a violência doméstica e reivindicando igualdade e democracia. Um dos momentos marcantes foi a luta pela anistia.

Em 1968, mães de perseguidos formaram a União Brasileira de Mães, que evoluiu para o Movimento Feminino pela Anistia, liderado por Terezinha Zerbini. Em 1975, um abaixo-assinado com 16 mil assinaturas foi entregue em favor da anistia, que foi conquistada em 28 de agosto de 1979.