Mulheres ganham 22% menos do que os homens no Brasil
Desigualdades entre homens e mulheres no trabalho persistem. Ataques aos direitos e desmonte do serviço público afetam ainda mais as mulheres
Foto: Adonis Guerra
As mulheres ganham menos, sofrem com taxas de desemprego maiores e gastam mais tempo com os afazeres domésticos do que os homens, mesmo tendo mais escolaridade.
Os dados estão no estudo “A inserção das mulheres no mercado de trabalho”, divulgado nesta semana pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
O rendimento mensal médio das mulheres foi 22% menor do que o dos homens em todo o Brasil no 4º trimestre de 2019. Na média nacional, elas ganharam R$ 1.958 e eles, R$ 2.495 mensais.
A diferença salarial é ainda maior entre as mulheres que têm ensino superior, 38% a menos do que os homens. No caso em que ocupam os mesmos cargos, a renda delas é 29% menor.
“O cenário de desigualdade no Brasil é real e existe há anos. Com a reforma Trabalhista, a lei da terceirização e o desmonte do serviço público, as mulheres serão ainda mais atingidas. Além da desigualdade que lutamos tanto para combater, o desmonte dos serviços públicos promovido por esses governos vão pesar ainda mais na vida das mulheres”, analisou a diretora executiva do Sindicato, Michelle Marques.
“Quem mais usa o serviço público são as mulheres, de saúde, educação, assistência em casos de violência, delegacias, a falta de creche tira a mulher do trabalho. Na formação, por exemplo, estão acabando com programas como o Pronatec e o ProUni e isso dificulta ainda mais o acesso das mulheres à educação e às melhores oportunidades. A disputa da elite é querer convencer a população de que o serviço público não é bom para privatizar tudo. É o futuro que está em jogo”, pontuou.
Além disso, ainda há dupla ou tripla jornada das mulheres, que gastam 95% mais de tempo em afazeres domésticos do que os homens. Na média semanal, as mulheres gastam 21h18 em casa e os homens, 10h54.
“Já temos o cenário de desigualdade no Brasil, já é real e existe há anos. Com a reforma Trabalhista, lei da terceirização e o desmonte do serviço público, as mulheres serão ainda mais atingidas”, afirmou a diretora executiva, Michelle Marques.