Mulheres metalúrgicas iniciam encontro para debater autonomia
Maria Angélica Fernandes, representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal.
Fotos: Raquel Camargo / SMABC
“Este espaço de discussão é importante e ajuda no processo de organização das mulheres brasileiras, mesmo porque o tema principal, da autonomia das mulheres, é o mesmo da conferência nacional que será realizada em dezembro” disse Maria Angélica Fernandes, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, durante a abertura do Encontro Anual das Mulheres Metalúrgicas nesta manhã na Sede do Sindicato.
Ela afirmou que as políticas públicas desenvolvidas pela Secretaria em relação à autonomia estão baseadas em quatro eixos.
Esses eixos são a autonomia econômica, pois hoje as mulheres ocupam os cargos menos qualificados, como as 5 milhões de domésticas sem carteira assinada, a elevação da escolaridade, o acesso da mulher à moradia digna, com creches e escolas, e o enfrentamento da violência contra as mulheres.
Maria Angélica disse que uma das dificuldades da Secretaria é fazer com que as políticas públicas tenham alcance nacional, pois apenas 320 cidades têm organismos voltados às mulheres. “É preciso mais compromissos de governadores e prefeitos”, avaliou.
Ela comentou que a luta para reduzir as condições de desigualdade entre homens e mulheres é longa. E citou como exemplo um projeto de lei que encontra resistências entre os empresários pois cria comissões de promoção da igualdade nas empresas, faz cadastro de empresas que praticam atos discriminatórios e estende o direito de creche também aos homens.
“Nosso principal desafio é combater as diferenças entre homens e mulheres que se transformaram em desigualdades”, comentou, lembrando que a 3ª Conferência vai construir um novo plano de ação nesse sentido.
“Avançamos bastante nos últimos anos, mas precisamos avançar mais pois existe uma dívida de 500 anos de desigualdades”, concluiu.
O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, disse que o preconceito não permite que aumente o percentual de mulheres na categoria, tanto que ele é o mesmo desde a década de 70.
“As empresas alegavam que o serviço era pesado. Mas hoje temos máquinas modernas e o percentual continua o mesmo”, comentou, argumentando que não existe razão para não termos 30% de mulheres na categoria.
Ele comentou que as mulheres precisam se organizar e ocupar os espaços. “Mudar esse quadro cabe a vocês, essa é uma luta de vocês”, afirmou.
Também participou do encontro a companheira Maria Ferreira, da Secretaria da Mulher da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT. “A autonomia passa pela criação de cotas para as mulheres no mercado de trabalho, com a redução das desigualdades”, explicou.
Vicentinho
Já Sonia Auxiliadora, da Secretaria da Mulher da CUT São Paulo, a busca da autonomia econômica é fundamental, já que quando se melhora a vida de uma mulher, duas outras pessoas também se beneficiam.
O deputado Carlos Grana (PT) disse que existem poucas mulheres nos espaços sindical e político, e que é preciso aumentar essa participação. Ele se colocou à disposição das mulheres, lembrando que uma das funções do parlamentar é levar as lutas de todos os segmentos da população para toda a sociedade.
O deputado federal Vicentinho (PT) disse que o encontro será como uma luz na luta das mulheres do País. “Aquilo que vocês decidirem aqui vai estimular as outras mulheres do País. Por isso, sigam em frente fazendo este movimento bonito pela igualdade”, afirmou.
Da Redação