Mulheres ocupam Brasília contra a pobreza e a violência e por igualdade
Marcha das Margaridas acontece nesta terça (16) e quarta (17) em Brasília
Foto: Marcello Casal Jr. / ABr
Dezenas de milhares de mulheres do campo e da floresta fazem nesta terça (16) e quarta-feira (17) a Marcha das Margaridas em Brasília buscando a superação da pobreza e da violência e o desenvolvimento sustentável com igualdade e liberdade.
Essa é a maior mobilização feminina da América Latina, coordenada pela Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag) e com apoio das centrais sindicais, entre elas a CUT.
O ponto alto da manifestação será a caminhada desde o Pavilhão de Exposições até a Esplanada dos Ministérios em frente ao Congresso Nacional, com encerramento à tarde com a presença da presidenta Dilma Rousseff.
“A manifestação no Congresso é mais uma ação da nossa luta para denunciar as diversas formas de exclusão e violência contra as mulheres do campo e da floresta”, disse Carmen Foro, secretária de mulheres trabalhadoras rurais da Contag.
Segundo ela, as reivindicações levadas ao governo partem da constatação de que a pobreza, a desigualdade, a opressão e a violência predominam entre as trabalhadoras do campo e da floresta.
“Nós temos a absoluta certeza de que a pobreza no nosso país tem sexo, tem a cara feminina; tem cor, pois são negras as pessoas mais pobres; e tem lugar: estão no campo e na periferia das cidades. Portanto, nossa pauta não tem só apelo, mas também legitimidade”, afirmou.
Ela disse que “a gente acredita muito na presidenta Dilma e, acima de tudo, acreditamos na nossa pauta”.
A marcha tem uma pauta com 158 reivindicações agrupadas em temas que tratam da democratização dos recursos naturais, soberania e segurança alimentar, fim da violência no campo, melhores condições de trabalho e maior participação política das mulheres.
Nesta terça (16) foram realizadas atividades no Parque da Cidade, com o lançamento de uma campanha contra o uso de agrotóxicos, atividades culturais e painéis de debates sobre desenvolvimento sustentável.
Três marchas já foram realizadas (2000, 2003 e 2007), todas elas na luta contra a fome, a pobreza e a violência contra as mulheres.
Mulheres metalúrgicas também estão lá
Cerca de 40 mulheres metalúrgicas estão hoje participando da Marcha das Margaridas em apoio às mulheres do campo e da floresta.
“Se a nossa luta aqui na cidade não é fácil, as mulheres do campo encontram muito mais dificuldades”, disse Andréa Ferreira de Souza, trabalhadora na Delga e Secretária da Mulher na Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT.
Ela comentou que o nível de violência no campo é grande, e que as mulheres sempre correm riscos. “A luta delas nos estimula ainda mais a gente a brigar por nossas reivindicações”, afirmou.
Marcha homenageia trabalhadora rural
A Marcha homenageia a trabalhadora rural e líder sindical Margarida Maria Alves, símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade e justiça.
Nos 12 anos que ficou na presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande (PR), teve uma trajetória marcada pela luta contra a exploração, pelos direitos dos trabalhadores rurais, contra o analfabetismo e pela reforma agrária.
Ela morreu em 1983, assassinada por um pistoleiro a mando dos usineiros da Paraíba. A marcha foi criada como forma de dar visibilidade às lutas das mulheres do campo e da floresta e para denunciar a impunidade contra as mortes de trabalhadores rurais.
Da Redação