Mulheres querem mídia sem preconceito

Entidades pedem mecanismos de controle social do conteúdo das tevês.

O grupo Articulação
Mulher e Mídia, formado
por 25 entidades do movimento
feminista, passaram a
desenvolver ações conjuntas
de combate aos chavões e
preconceitos e à mercantilização
do corpo da mulher
promovida pelos meios de
comunicação.

Esse trabalho está contemplado
no 2º Plano Nacional
de Política para
as Mulheres, lançado
no início do mês, que
trouxe como um novo
eixo de luta a democratização
dos meios
de comunicação, definição
de critérios
mais transparentes para
outorgar e renovar
concessões de tevê e o
desenvolvimento de mecanismos
de controle social
do conteúdo das tevês.

Na avaliação das entidades,
a maioria das mulheres
não se reconhece na tevê.
A programação banaliza o
sexo e a violência, mostra
a mulher frágil e subalterna
como um fato natural, mostra
a maternidade e o casamento
como únicas fontes
de realização, além de um
modelo inalcançável de beleza,
o que faz com que as
mulheres tenham sua autoestima
rebaixada pele tevê.

“Promover o acompanhamento
de conteúdo é um
lado do que pretendemos.
O outro é fazer com que
esse acompanhamento seja
somado a ações de controle
social efetivo “, explica Raquel
Moreno, do Observatório
da Mulher.

Ela lembra que controle
social não é censura,
é diálogo. “Queremos ser
bem representadas e ser
tratadas com respeito pelos
veículos de comunicação”,
comenta.

A tevê oferece um modelo
de beleza feminina pasteurizado
e de difícil acesso.
Por um lado, as mulheres
dizem não se reconhecer na
imagem dominante, e por
outro elas cobram de si mesmas
– e são cobradas – para
atingir esse modelo ideal de
beleza.

“Temos propostas de
programas para mulheres
que possa trazer outra perspectiva
sobre o feminino,
um programa para dizer que
existe outra maneira
da mulher olhar o
mundo e ser visto por
ele”, disse Raquel.

Ela afirmou que
a tevê não debate os
problemas que a vida
coloca para as mulheres
e nem consideram
que existe uma
diversidade. “Somos
brancas, negras, velhas,
jovens, gordas,
magras e temos opiniões
variadas a respeito da vida”,
Raquel.

Ela lembra que a Campanha
Contra a Baixaria na
tevê conseguiu o cancelamento
do programa apelativo
de João Kléber.

A cantora Alcione disse
que essa iniciativa renderá
uma briga muito grande. “As
emissoras de tevê abusam, o
pessoal da propaganda também.
A desvalorização do
sexo feminino vem daí”.

A reparação é difícil – As denúncias feitas pelas
entidades ligadas ao movimento
de mulheres dificilmente
são atendidas em suas
queixas junto aos anunciantes
ou emissoras de tevê.

Em 2006, a Skol, na
campanha Musa de Verão,
mostrou uma mulher loura e
magra, de biquíni, clonada e
distribuída para homens como
uma garrafa de cerveja.

As entidades protestaram,
a Ambev chegou
a acenar com um acordo,
mas depois abandonou o
diálogo. O caso foi parar no
Ministério Público Federal e
as entidades entraram com
uma ação civil pública.

Em 2003, a Kaiser colocou
em circulação bolachas
de chope que diziam Mulher
e Kaiser, especialidades da
casa. Chamada pelas entidades,
a empresa assinou um
termo de ajuste de conduta
e fez anúncios de contrapropaganda
em jornais e
revistas, além de financiar
seminários em cinco regiões
do País para reparar as danos
à imagem da mulher.