Mulheres relatam aumento de violência em casa, na rua e no trabalho

Pesquisa aponta que para 88% das mulheres houve aumento do assédio e da violência

Foto: Divulgação

No Dia Internacional da Mulher, a Rede Nossa São Paulo lançou a quarta edição da pesquisa Viver em São Paulo: mulher. O estudo apresenta dados da percepção da população paulistana acerca de questões como assédio, desigualdade de oportunidades, divisão de tarefas domésticas e cuidados com filhas e filhos.

Para 88% das mulheres houve aumento do assédio e da violência. Quase a metade das mulheres que vive em São Paulo já sofreu assédio no transporte público. Também relatam aumento do assédio dentro do próprio ambiente de trabalho.

Seis em cada dez mulheres que saem à rua tem medo de assédio sexual ou estupro. No trabalho, um terço delas afirma ter sofrido preconceito ou discriminação. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registra um estupro a cada oito minutos.

“Já falamos diversas vezes aqui sobre este assunto, mas vamos continuar a falar até que nenhuma companheira sofra qualquer tipo de violência apenas por ser mulher. Estamos completamente desamparadas por esse governo machista e misógino e por esse ministério da Mulher que se nega a respeitar nossos direitos. Mas seguiremos juntas denunciando, cobrando medidas e apoiando umas as outras para que sigamos fortes”, declarou a integrante do Coletivo das Metalúrgicas do ABC e CSE na Volks, Rosimeire Conceição, a Rosi.

Foto: Adonis Guerra

A CSE na Scania e também integrante do Coletivo, Tereza Aparecida Oliveira lembrou que muitas mulheres têm medo de denunciar os tipos de violência que vivem em casa ou no trabalho por isso é preciso estabelecer uma rede de apoio.

“É importante que as mulheres identifiquem as situações de violência e não permitam que elas se repitam. A violência pode ocorrer de diferentes formas (leia quadro ao lado), nós precisamos estar atentas tanto com relação à nossa vida, como ao que ocorre ao redor. Aquele ditado “Em briga de marido e mulher não se mete a colher”, já era. Se percebemos que a briga passou dos limites, precisamos denunciar ou oferecer apoio para que a mulher envolvida tome coragem para fazer isso”.

Foto: Adonis Guerra

Entenda quais são os tipos de violência contra mulher e saiba identificá-las

Violência física

• Espancamento

• Atirar objetos, sacudir e apertar os braços

• Estrangulamento ou sufocamento

• Lesões com objetos cortantes ou perfurantes

• Ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo

• Tortura

Violência psicológica

• Ameaças

• Constrangimento, humilhação, insultos, chantagem

• Manipulação, exploração

• Isolamento

• Vigilância constante, perseguição contumaz

• Limitação do direito de ir e vir

• Ridicularização

• Tirar a liberdade de crença

• Distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre a sua memória e sanidade

Violência sexual

• Estupro

• Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa

• Impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar

• Forçar matrimônio, gravidez ou prostituição por meio de coação, chantagem, suborno ou manipulação

• Limitar ou anular o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher

Violência patrimonial

• Controlar o dinheiro,

• Deixar de pagar pensão alimentícia

• Destruição de documentos pessoais

• Furto, extorsão ou dano, estelionato

• Privar de bens, valores ou recursos econômicos

• Causar danos propositais a objetos da mulher ou dos quais ela goste

Violência moral

• Acusar a mulher de traição, emitir juízos morais sobre a conduta

• Fazer críticas mentirosas

• Expor a vida íntima

• Rebaixar a mulher por meio de xingamentos

• Desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir