Multibrás: comunidade perde R$ 1 bilhão
O fechamento da Multibrás no ABC tem outras conseqüências além do desemprego. É também a eliminação de um fluxo constante de rendimentos para os trabalhadores, fornecedores e governos.
Cada funcionário recebe em média R$ 1.360,00 mensais, ou R$ 18.700 anuais incluindo PLR). Portanto, os 1.050 trabalhadores deixarão de receber anualmente R$ 19,6 milhões. Na medida em que a cada emprego direto eliminado corresponderá à redução de cerca de outros quatro postos de trabalho indiretos, com salário médio de R$ 800,00, haverá uma redução de mais R$ 43,7 milhões anuais.
Portanto, o total de massa salarial perdida será de R$ 63,3 milhões anuais. Em cinco anos, R$ 316,5 milhões.
Hoje, o trabalhador gasta cerca de 85% do seu salário em alimentação, habitação, transporte, saúde e vestuário. A maior parcela destes produtos é adquirida pelo trabalhador na própria cidade e Estado que mora. Portanto, estes governos perderão tributos e a cidade, empregos.
No caso do ICMS, a conta é a seguinte. A planta de São Bernardo foi responsável pela venda de cerca de 220 mil refrigeradores no ano passado, ao preço médio de fábrica (livre de impostos) de R$ 600,00, e preço médio ao consumidor de R$ 1.200,00. As alíquotas de ICMS e IPI são de, respectivamente, 18% e 15%., Logo, deixarão de ser gerados para o Estado em torno de R$ 47,5 milhões em ICMS e R$ 20 milhões em IPI ao ano. No geral, R$ 337,5 milhões em cinco anos.
A comunidade perde ainda porque a receita de diversas empresas fornecedoras de insumos e serviços será reduzida bruscamente. Estimando-se que 50% do preço do produto sejam para remunerar fornecedores, a perda de receita de vendas será de R$ 330 milhões em cinco anos.
No total, a perda de renda da comunidade – em salários, impostos e encomendas de fornecedores – deverá ser em torno de R$ 1 bilhão em um período de cinco anos.
Seria importante que a empresa brindasse a comunidade com a reversão de sua decisão. Caso contrário, é papel da sociedade discutir as medidas cabíveis para evitar esta perda. Estas podem ir desde a penalização da empresa (sobretaxando as fábricas que não produzem, mas que querem vender aqui no Estado) até a busca de novos empreendedores que desejem assumir o comando da fábrica, e o conjunto de riquezas que ela representa.