Mundo gasta R$ 19,3 trilhões, mas pobreza e desemprego aumentam

Quase 90% desse dinheiro serviu para socorrer o sistema financeiro. Só 9% foram aplicados em pacotes de assistência às famílias mais pobres e apenas 1,8% em programas de criação de emprego.

Combate à fome não avança

Os governos já colocaram R$ 19,3 trilhões para tapar os buracos da crise econômica mundial, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Só os países ricos entregaram R$ 16,5 trilhões ao setor financeiro, enquanto as nações pobres gastaram R$ 2,8 trilhões.
Essa dinheirada toda significa a produção brasileira (PIB) de cinco anos.
Causa espanto a rapidez com que o dinheiro sai dos cofres públicos para chegar em mãos de particulares, se comparado, por exemplo, ao lento andamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – que os países se comprometeram a cumprir até 2015 para melhorar a vida no planeta.
Mas a crise econômica fez ainda pior. Fez o mundo regredir no combate à fome, conforme com o último relatório mundial da ONU.
De acordo com a Organização, seriam necessários R$ 270 bilhões ao ano para acabar com a fome no mundo, ou seja, pouco mais de 1,3% do que os governos já gastaram com a crise.
Um relatório da ONU, apresentado no mês passado, no entanto, afirma que, nos países em desenvolvimento, a proporção de pessoas subnutridas, que havia caído cerca de 4% desde os anos 90, teve aumento de 1% em 2008.

Pobreza
A redução da pobreza também sofreu desaceleração e deve estagnar nos próximos anos, diz o estudo.
Só na América Latina, a proporção de pessoas que passam fome vai aumentar até 13% entre 2008 e 2009. Entre 1990 e 2006, a queda da porcentagem de famintos na região foi de 33%.
No mundo, cerca de dois bilhões de pessoas vivem com menos de R$ 3,60 por dia e são consideradas abaixo do nível de pobreza.