Música|DJ: a festa tem maestro

No funk, hip hop ou techno são eles que conduzem a balada

No hip-hop, funk, ou música eletrônica, os DJs são o combustível da balada. A maioria rala para dominar o assunto e fazer bonito, além de dividir o tempo com outras atividades para ganhar a vida. Mas alguns já são tratados como astros

Por Guilherme Bryan

A atividade de disc jockey (DJ) é bastante valorizada e já produz artistas tratados com honrarias de reis da noite. A maioria, no entanto, ainda é anônima e rala para alcançar reconhecimento na profissão. Disc jockey é o profissional que seleciona e toca as mais diferentes canções gravadas e mixadas previamente para animar bailes, clubes, boates e danceterias. No início, o termo era utilizado para designar gente de rádio que se limitava a colocar os discos para tocar no gramofone. Aos poucos, passou a ser o artista que deve ter sensibilidade e grande conhecimento musical para saber como, quando e o que tocar. “É preciso ter uma técnica razoável o bastante para não judiar dos ouvidos dos dançarinos e, o que é mais importante, ter o feeling para entender que se deve servir à pista, e não a si mesmo”, indica Claudia Assef, autora do livro Todo DJ Já Sambou – A História do Disc-Jóquei no Brasil e que toca na noite paulistana.

Em 1958, o técnico em rádio e TV Osvaldo Pereira trabalhava numa loja de revenda de LPs e assistência técnica de aparelhos eletrônicos. Não fazia a menor idéia de que, no Rio de Janeiro, João Gilberto e Elizeth Cardoso davam à luz a bossa nova, com a gravação de Chega de Saudade, de Tom e Vinicius – o estilo musical que iria mudar a história da música brasileira. O sonho de Osvaldo era mais modesto: freqüentar os melhores salões de baile de São Paulo, como o Clube 220, no Edifício Martinelli. Foi quando teve a idéia de construir um sistema de som e utilizá-lo em festas de aniversário e casamento, até que conseguiu alugar o tal salão todos os domingos. Surgia o primeiro DJ brasileiro. “Depois dele, outros começaram a usar som mecânico para fazer festas mais baratas, em substituição ao som de bandas”, destaca Claudia Assef. “No final dos anos 60, no Rio, as boates começaram a fazer a transição da música ao vivo para a mecânica e aí aparece o fenômeno do baile da pesada, marcado pela black music, com Ademir Lemos e Big Boy. Os DJs tomam conta do palco. Hoje, apesar de ficarem à mercê das equipes de som e de poucos conseguirem se tornar mais importantes do que elas, os DJs de funk possuem o respeito do público e se destacam pela seleção musical e por animar os bailes”, explica Silvio Essinger, autor de Batidão, uma História do Funk.

Exportação –
Um dos DJs mais conhecidos e respeitados, não só do funk carioca, mas da música brasileira, é Fernando Luis Mattos da Matta, o Marlboro, que começou em 1977. “Naquela época não havia reconhecimento profissional. Os pais das minhas namoradas me colocavam para correr quando eu dizia que era DJ. Agora fui contratado para tocar em Porto Seguro por um pai que perguntou para sua filha qual banda queria para sua festa de 15 anos, e ela: ‘DJ Marlboro’ (risos)”, conta. Marlboro foi um dos responsáveis pela nacionalização do funk, compondo e lançando os primeiros cantores do ritmo.

“Hoje o funk quase não tem relação estilística com a música eletrônica de fora. É praticamente um samba eletrônico. Os DJs desenvolveram linguagem própria, criaram a música eletrônica brasileira”, avalia Silvio Essinger.

Em 2003 Marlboro tocou no Central Park, em Nova York, e abriu portas no exterior para outros DJs brasileiros. Sany Pitbull, por exemplo, atualmente realiza turnê pela Europa, misturando músicas do seu estúdio Carioca Funk Clube com clássicos de James Brown a Rolling Stones. “Hoje o DJ é figura à frente (antigamente ficava atrás e de costas) de uma grande casa ou baile, mas o Brasil tem muito a melhorar. Na Europa, os DJs ganham cachês tão altos que às vezes superam popstars. Para ser DJ hoje em dia não basta juntar seus MP3, ligar o laptop, arrastar os móveis da sal