Na China, metalúrgicos conhecem estratégias para evitar desindustrialização do Brasil

Em missão de dez dias à China, o ex-presidente do Sindicato, Rafael Marques, conheceu o modelo de desenvolvimento industrial e sustentabilidade ambiental e social. O objetivo foi aprofundar estratégias de produção e de atração de investimentos em encontros com representantes de empresas, sindicalistas, governo e universidades chinesas.

“Em todas as reuniões, reafirmei o compromisso de conhecer e entender melhor o desenvolvimento da China e a preocupação dos metalúrgicos brasileiros em relação às soluções industriais, sociais e ambientais”, explicou. “A ideia agora é organizar um comitê de trabalho por meio do Instituto que será criado para atuar pelo fortalecimento da indústria no Brasil”, continuou.

A criação do Instituto e a indicação de Rafael para presidir a entidade foram referendadas pelos delegados da Plenária Estatutária da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, no dia 29 de junho.

Fizeram parte da comitiva ao país oriental, que retornou ao Brasil na terça-feira, dia 25, dirigentes dos Metalúrgicos do ABC, da CNM-CUT e da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM-CUT, com o apoio da Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil-China.

“Os metalúrgicos do Brasil tiveram a oportunidade de observar o aumento gradativo da proteção social e dos direitos no trabalho no país asiático”, contou.

Rafael avaliou que a diversificação das indústrias chinesas é uma solução encontrada pelo país. “Conhecemos uma metalúrgica que trabalha com iluminação, é construtora de prédios e tem espaço para pesquisa. Quando um setor vai mal na economia, outro pode compensar”, disse.

“A capacidade de planejamento e execução da China são impressionantes. Vimos muitas estradas, viadutos e empreendimentos em construção por onde passamos. É a oportunidade de desenvolvimento local, com planejamento voltado para as pessoas, rios limpos no meio da cidade e uma atmosfera de busca de soluções”, explicou.

“São muitas empresas novas com gente que pensa em tecnologia e melhoria de eficiência. Conhecemos depó- sitos de 4,5 milhões de m² (equivalente a 4,5 plantas da Mercedes, em São Bernardo), com dois milhões de itens de mais de 120 mil empresas que utilizam a Indústria 4.0 aplicada à logística do sistema de busca dos produtos”, afirmou.

Para o diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, responsável pelo debate da indústria, Wellington Messias Damasceno, chama a atenção a quantidade de empresas de alta tecnologia.

“Muitas delas são conduzidas por jovens que acabam de sair da universidade e já se propõem a montar um negócio explorando a alta tecnologia, soluções inovadoras, tudo com o apoio do governo”, explicou.

“O encontro foi uma oportunidade de relatar aos chineses a preocupação dos metalúrgicos com a desindustrialização do Brasil. Visitamos um parque tecnológico de inovação e dois institutos, um ligado a indústria e outra à universidade. Todos com o objetivo de buscar inovação e melhorias tecnológicas ligadas à preservação ambiental”, disse.

A comitiva se reuniu ainda com o Sindicato Nacional da China para debater as novas tendências do mundo do trabalho. O diretor executivo do Sindicato responsável pelas Relações Institucionais, Nelsi Rodrigues da Silva, o Morcegão, ressaltou a organização do sistema de produção e tendências de mercado.

“Buscamos estabelecer rela- ções com as entidades de lá e queremos continuar o diálogo para aproximar as questões de geração de emprego, meio ambiente e um modelo de comunicação que possa ter interação entre trabalhadores e a sociedade”, concluiu. 

Da Redação