Na luta e na fé, trabalhadores defendem empregos e permanência da Ford
Manifestação contou com caminhada do Sindicato até a Praça da Matriz, seguida de ato inter-religioso em apoio aos metalúrgicos na Ford
Fotos: Adonis Guerra
No mesmo dia da reunião do Sindicato com a matriz da Ford, nos Estados Unidos, os trabalhadores manifestaram ontem a sua luta em caminhada desde a Sede, seguindo pela Rua Marechal Deodoro até a Praça da Matriz, onde a fé de cada um foi reforçada em um ato inter-religioso. A manifestação é pela permanência da Ford em São Bernardo, com preservação dos empregos e dos direitos dos trabalhadores (confira mais na página 2).
O vice-presidente dos Metalúrgicos do ABC, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT e CSE na Ford, Paulo Cayres, o Paulão, fez os encaminhamentos.
“Este ato mostra o Brasil que a gente quer, sem ódio, de paz, em defesa de uma indústria que cresça e gere empregos. Não podemos naturalizar o fechamento de uma empresa que coloque mais de 4 mil trabalhadores na rua, 28 mil trabalhadores no setor produtivo, mais a família e os filhos. Isso é um crime contra a classe trabalhadora e nós não permitiremos”, afirmou.
“Todos estão convocados, junto com suas famílias, para a assembleia no dia 12, às 7h, na Ford. Na fé, acreditamos que a notícia seja boa. Mas, se não for uma resposta adequada à classe trabalhadora, o que vão ver é muita luta. Ford fica!”, defendeu.
Além dos trabalhadores na Ford e nas demais empresas da base, companheiros de diversas categorias estiveram presentes em solidariedade à luta. O apoio veio ainda de representantes da CUT, deputado federal Vicentinho (PT), deputados estaduais Teonílio Barba (PT) e Luiz Fernando (PT), o presidente do PT São Paulo e ex-presidente do Sindicato, Luiz Marinho, vereadores e movimentos sociais.
Por todo o caminho, as lideranças reforçaram os impactos que uma decisão de fechamento da Ford implicaria para toda a cidade, no comércio e nos serviços, na região e no Brasil.
O secretário-geral da IndustriALL, Valter Sanches, ressaltou o momento difícil na indústria automotiva no mundo. A organização representa mais de 50 milhões de trabalhadores em 140 países.
“O que nos une são os laços de solidariedade. O momento é de união de todos os trabalhadores e do conjunto da sociedade. Toda a população tem que entender que não é problema dos trabalhadores e de suas famílias, o impacto é geral. Vamos mobilizar nossas forças no mundo em defesa do ‘Fica Ford!’”, disse.
Religiões se unem em defesa dos empregos e do #FicaFord
Foto: Aline Rossi
Os integrantes do Coletivo Inter-Religioso do ABC caminharam junto com os trabalhadores e, ao chegar à Matriz, realizaram o ato inter-religioso.
Participaram representantes das religiões católica, evangélica, judaica, muçulmana, espírita, umbanda e candomblé. Todos com palavras de solidariedade, união, justiça, amor, fé, ética, e em defesa do #FicaFord, cobraram da direção da empresa responsabilidade social com os trabalhadores, seus familiares e com a cidade.
“Neste momento que o trabalhador se sente desamparado pela empresa, nada mais importante do que palavras e gestos amigos, que possam trazer de alguma forma conforto e esperança nessa luta a cada trabalhador, trabalhadora e sua família”, afirmou o diretor executivo do Sindicato, Carlos Caramelo.
Ato no aeroporto
Foto: Divulgação
No dia 5, antes do embarque para a reunião com a matriz da Ford nos Estados Unidos, o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, Rafael Marques, e o coordenador-geral da representação na Ford, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba, foram recepcionados pelos companheiros da Ford no aeroporto de Guarulhos.
Governo do Estado
Foto: Adonis Guerra
No dia 1º, os representantes do Sindicato foram recebidos no Palácio dos Bandeirantes pelo governador de São Paulo, João Doria, o vice-governador, Rodrigo Garcia e o secretário da Fazenda, Henrique Meirelles. Estava presente o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando.
“O governador nos garantiu que está comprometido em buscar soluções para a manutenção dos empregos e da planta da Ford”, contou o presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão.
Governo Federal
Foto: Romério Cunha
Pela manhã do dia 1º, os dirigentes foram recebidos em Brasília pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão.
“Mourão foi sensível ao tema e se comprometeu a nos ajudar. Estamos buscando todas as instâncias políticas que possam contribuir para reverter a decisão de fechamento da Ford. Preservar os empregos é tarefa de todos que se preocupam com o desenvolvimento do nosso Estado e nosso País”, disse Wagnão.
Da Redação.