Na ONU, Dilma cobra mais diálogo e menos ações militares
Assembleia Geral da ONU acontece no próximo dia 21 e pela primeira vez será aberta por uma mulher
Roberto Stuckert Filho/PR |
No próximo dia 21, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, a presidenta Dilma Rousseff vai fazer seu discurso mais importante num evento internacional. Seguindo a tradição da entidade, o representante do governo brasileiro é o responsável para abertura do encontro. Com isso, pela primeira vez uma mulher terá a palavra inicial, algo que será explorado pela presidenta.
Na ocasião, a chefe do governo também deve seguir a linha adotada pelo seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e cobrar uma maior participação de países emergentes no Conselho de Segurança da ONU e em organizações multilaterais como o FMI e o Banco Mundial.
Na Assembleia, que tem como tema “O Papel da mediação na solução de disputas por meios pacíficos”, Dilma deve defender a diplomacia preventiva, os direitos humanos e a ampliação do diálogo para evitar que casos como o da Líbia – que uma resolução do Conselho de Segurança da ONU viabilizou ataques ao país – se repitam.
O temor da diplomacia brasileira é que novas investidas militares possam ser tomadas contra a Síria ou outros países árabes. Ao longo da Assembleia, a presidenta também deve apoiar a criação do Estado Palestino.
No que diz respeito à ampliação da participação de países emergentes no Conselho de Segurança e nos organismos financeiros multilaterais, Dilma deve tratar do tema de forma diplomática em seu discurso, mas pretende ser mais incisiva nos encontros bilaterais que vai manter ao longo da semana. De acordo com o Itamaraty, um grande número de reuniões com chefes de Estado estão sendo programadas.
Como fez Lula, Dilma deve dizer que a nova realidade mundial não está refletida nesses organismos, que têm sua gestão nas mãos dos países desenvolvidos. Ela deve falar sobre a crise na economia Global e os problemas na zona do Euro. Ela dirá que emergentes como Brasil e Índia são fontes de recursos e precisam estar na mesa de decisão sobre operações econômicas.
Na visita aos Estados Unidos, a presidenta também contará com agendas relacionadas à Saúde, participação política das mulheres, segurança nuclear e transparência dos governos. No dia 20, antes do início oficial da Assembleia Geral da ONU, ela estará ao lado do presidente americano Barack Obama lançando um programa de abertura dos governos (Open Government Partnership, OGP, na sigla em inglês).
A intenção da presidenta era chegar ao evento com a Lei de Acesso à Informação aprovada pelo Congresso Nacional, o que não deve acontecer. Ainda assim, vai assinar com Obama e outros chefes de governo um acordo com o compromisso de adotar medidas concretas para dar transparência a documentos e contas das administrações públicas.
No caso da Saúde, o evento da ONU tratará sobre Doenças Crônicas Não-Transmissíveis, como a diabetes, ataques cardíacos, câncer e doenças pulmonares, responsáveis por aproximadamente 63% das mortes em todo o mundo e 74% dos óbitos no Brasil – segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Na ocasião, a presidenta deve dizer que o País vai aumentar os impostos de bebidas e fumo como medida para baixar os índices de mortalidade.
Ainda na viagem, no dia 20, Dilma também vai receber um “Prêmio por Serviço Público” do Woodrow Wilson International Center for Scholars. No dia 21, antes do discurso inaugural da Assembleia da ONU, a presidenta se reúne com o Secretário-Geral da entidade, Ban Ki-moon.
No dia 22, quinta-feira, ela participa da reunião de alto nível sobre segurança nuclear e participa de encontros bilaterais com diversos líderes globais.
Do Último Segundo / iG