Não ao desemprego e à retirada de direitos

Companheiros na Volks cruzaram os braços ontem e saíram às ruas de São Bernardo para pedir apoio da população à luta de resistência contra o plano da montadora de demissões e corte de direitos. Também pararam os metalúrgicos nas fábricas de Taubaté e São José dos Pinhais.

Antes da caminhada, os trabalhadores acataram encaminhamento do presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, aprovando que a entidade não faça nenhum acordo que envolva demissões ou retirada de direitos.

Greve em três fábricas da Volks

Metalúrgicos na Volks das fábricas Anchieta, São José dos Pinhais e Taubaté fizeram ontem uma greve de 24 horas e saíram às ruas para pedir a solidariedade da população à luta de resistência contra o plano de demissões e retirada de direitos anunciado pela empresa. Na fábrica de São Carlos, a ação de apoio foi parar a produção uma hora em cada turno.

Na Anchieta, os companheiros se reuniram em assembléia e decidiram sair em caminhada.

Também acataram encaminhamento do presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, de não fazer qualquer acordo que envolva demissões ou retirada de direitos.

Na caminhada até a Praça da Matriz, passando pela Via Anchieta e ruas centrais de São Bernardo, os oradores que se revezaram no caminhão de som não pouparam críticas à Volks, que quer aumentar seu lucro empobrecendo os trabalhadores.

Todos ressaltaram que, caso o plano da Volks se concretize, toda a economia da região será prejudicada.

Panfleto distribuído pelos companheiros mostra que as demissões vão tirar de circulação R$ 191 milhões anuais só em São Bernardo. “Nossa luta é pelo desenvolvimento e por justiça”, finaliza o documento.

Copa do Mundo – Hoje, todos os trabalhadores na Volks, inclusive mensalistas, têm assembléia às 15h para votar proposta de compensação para os jogos do Brasil na Copa do Mundo.

“Emprego e salário não se negocia”

No ato na Praça da Matriz, Feijóo parabenizou a disposição de luta do pessoal e avisou que todos estão numa encruzilhada histórica.

“Muitos lutaram e perderam a vida pelas conquistas que temos hoje e não podemos jogá-las na lata do lixo”, lembrou.

Ele enumerou outro motivo para não assinar o acordo. “Caso isso ocorra, vamos abrir a porta para um grande ataque das empresas sobre direitos e conquistas de todos trabalhadores. Temos de dizer não e lutar, em nome da dignidade, da cidadania e do futuro dos nossos filhos”, comentou.

Feijóo criticou a falta de responsabilidade social da Volks, que quer aumentar a exclusão social e a criminalidade: “Quem não ganha dinheiro trabalhando vai ganhar de outro jeito”.

Ele falou que a resposta só pode ser luta, luta e luta até a Volks voltar atrás nas demissões e recuar no pacote de maldades, inclusive com propostas que ferem a legislação.

“Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance e não está descartada uma greve por tempo indeterminado”, avisou aos trabalhadores.

O presidente do Sindicato afirmou que as greves nas três fábricas mostraram o espírito de unidade dos metalúrgicos e que todos estão dispostos a enfrentar os ataques da empresa.

Feijóo lembrou que, em 1992, a Câmara Setorial reunindo trabalhadores, empresários e governo conseguiu incrementar o setor automotivo, onde todos saíram ganhando.

“Queremos dialogar para encontrar outras soluções, mas não negociamos postos de trabalho e direitos”, concluiu.

O ato de ontem contou com a participação de dirigentes de várias categorias, da CUT e parlamentares.

Parada total em Taubaté e Pinhais

Em Taubaté, a greve foi total, envolvendo metalúrgicos de todos os turnos. Pela manhã, o pessoal saiu em caminhada e realizou ato de protesto durante meia hora na Via Dutra.

A manifestação terminou com a chegada da polícia, que prendeu um diretor e um funcionário do sindi