´Não comprem o projeto do ACE pelo que a grande imprensa fala´, diz Sérgio Nobre
Presidente do Sindicato fala ao microfone, observado por Altino Prazeres, presidente dos Metroviários de SP.
Foto: Paulo de Souza / SMABC
O presidente do Sindicato e secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, lançou um desafio a quem acusa o anteprojeto de Acordo Coletivo Especial (ACE) de atender apenas os interesses dos patrões.
O dirigente quer ver esses críticos proporem às empresas a adoção da proposta que incentiva a organização no local de trabalho pelo menos para sentirem a reação dos empresários.
“Se os patrões gostam tanto do ACE, como alguns dizem, gostaria que essas pessoas apresentassem o anteprojeto às empresas”, afirmou Sérgio Nobre. “Queria que vocês sugerissem o ACE ao Metrô, por exemplo, só para ver se eles aceitariam tão facilmente a proposta como vocês falam”, completou.
Sérgio Nobre lançou o desafio à plateia que acompanhava o debate realizado segunda-feira (26) à noite no Sindicato dos Metroviários de São Paulo, filiado ao Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), central sindical ligada ao PSTU.
O dirigente alertou que o ACE não pode ser avaliado apenas pelas notícias que saem na grande imprensa. “Ele não reforma a CLT e nem flexibiliza direitos. A proposta é, na verdade, um avanço na atual legislação para a classe trabalhadora e reforça a aplicação da lei que já existe”, disse.
“Convido a todos aqui que visitem as empresas da nossa base no ABC para ver como é na prática o funcionamento dos Comitês Sindicais de Empresa (CSEs) e como eles resolvem os problemas dos trabalhadores”, completou.
Já o presidente do sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Junior, valorizou a disposição dos Metalúrgicos do ABC em discutirem o anteprojeto elaborado pela entidade. “Não é todo sindicato que concorda em debater um assunto com quem tem opiniões divergentes”, disse.
Anteprojeto
O Acordo Coletivo Especial é fruto da experiência de 30 anos da categoria na organização no local de trabalho, com a organização das Comissões de Fábricas e, em seguida, dos Comitês Sindicais de Empresa.
Para a construção do anteprojeto, foram necessários três anos de debates com representantes de todos os seguimentos do mundo do trabalho, como sindicalistas, juristas, acadêmicos e empresários.
O texto final foi oficialmente entregue ao governo federal há um ano. Desde então é avaliado na Casa Civil da Presidência da República, para depois ser encaminhado para votação no Congresso Nacional.
“Só haverá um projeto se houver um consenso mínimo entre todas as centrais e a sociedade. O que nós temos agora é uma proposta em discussão que pode receber contribuições para ser melhorada”, concluiu Sérgio Nobre.
Da Redação