“Não existe democracia sem sindicatos fortes”

Presidente dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, chama toda a categoria para Assembleia Geral Eleitoral na quinta-feira, 26, às 18h, na Sede

Foto: Adonis Guerra

Os Metalúrgicos do ABC iniciam nesta quinta-feira, dia 26, às 18h, na Sede, os ritos do processo eleitoral que elegerá a 23° direção da entidade desde 1959, que deverá compor a Direção Plena, o Conselho da Executiva da Direção e o Conselho Fiscal do triênio 2023-2026. Na assembleia, trabalhadores associados definirão o calendário eleitoral, os integrantes da Comissão Eleitoral, as empresas e número de representantes.

Em entrevista à Tribuna, o presidente do Sindicato, Moisés Selerges, explica que o processo é dividido em duas etapas: no 1° turno são eleitos os CSEs (Comitês Sindicais de Empresas), que ficam nas fábricas, e o 2° turno, o Conselho da Executiva da Direção e o Conselho Fiscal do Sindicato e o que de fato muda quando o trabalhador se torna sócio dos Metalúrgicos do ABC.

Tribuna Metalúrgica – Qual a importância do processo eleitoral dos Metalúrgicos do ABC?

Moisés Selerges – Primeiro é que o trabalhador vai exercer o direito de escolha. As eleições do Sindicato são organizadas em dois turnos. Nós temos os Comitês Sindicais que estão no chão de fábrica, que é um instrumento importante para a nossa organização e, para ser um diretor no Sindicato, o trabalhador tem que ser eleito na fábrica na qual ele trabalha para depois fazer parte desta chapa. Para ser presidente precisa ser eleito na sua base, nosso Sindicato não tem nenhum diretor que não passou pelo crivo dos trabalhadores na sua respectiva fábrica e a direção da entidade é um exemplo de democracia e participação, com o total respaldo dos trabalhadores, pois sem isso ele não existe.

TM – Como a organização sindical no local de trabalho com os CSEs fortalece a luta dos trabalhadores?

Moisés – O Sindicato, como costumo dizer, não é esse prédio na rua João Basso, 231. O Sindicato existe dentro da fábrica, o Sindicato são as pessoas que convivem diariamente com os trabalhadores no local de trabalho. Isso é importante porque fortalece o Sindicato, fortalece a representação. É uma ferramenta conquistada há muitos anos e o Sindicato só tem o protagonismo que tem na sociedade por conta dessa organização no local de trabalho. Isso aconteceu graças a luta dos trabalhadores. O patrão tem que pensar duas vezes antes de querer fazer aquilo que vem na cabeça porque ele sabe que o Sindicato está presente todo o tempo no local de trabalho.

TM – O que muda quando o trabalhador se torna sócio do Sindicato?

Moisés – O Sindicato é forte, representativo e necessário para a organização da classe trabalhadora. Não existe democracia sem sindicatos fortes e muitas vezes os sindicatos são fortes pelo número de associados que têm. Os Metalúrgicos do ABC têm uma série de benefícios aos trabalhadores, como convênios, clube, colônia de férias, por exemplo, mas costumo dizer que a principal entrega que o Sindicato faz é a organização no local de trabalho. Os trabalhadores ganham a partir do momento que o Sindicato negocia melhores condições de trabalho, melhores salários. Então, é um sindicato forte porque está organizado e tem uma base forte, que entende a necessidade de existir o sindicato, que acredita e se vê representada. É inegável, nosso Sindicato é muito forte porque a nossa categoria é muito forte.

TM –  Qual a importação da participação dos trabalhadores na Assembleia Geral Eleitoral do dia 26?

Moisés – Vamos iniciar um processo eleitoral importante na conjuntura que estamos vivendo e esperamos a casa cheia, que mostra a força do Sindicato. Alguns sindicatos no Brasil não têm esse processo de participação dos trabalhadores. O Sindicato pertence aos trabalhadores e precisam sentir esse pertencimento aqui. O processo eleitoral também é uma festa para o conjunto dos trabalhadores, que são o motivo maior dessa festa. Venham, é muito importante a participação de todos e todas.

TM – Quais os principais desafios da representação dos trabalhadores no próximo período?

Moisés – Passamos por um período extremamente prejudicial para a classe trabalhadora, tivemos a reforma Trabalhista que retirou direitos, a reforma da Previdência que a pessoa morre trabalhando sem conseguir se aposentar, desemprego, fábrica fechando, falta de política industrial para o país. A principal tarefa do Sindicato no próximo mandato é restabelecer uma defesa do que acreditamos para a classe trabalhadora, uma política industrial forte, trabalhadores com melhores salários e melhores condições de vida.

Sabemos o tamanho do nosso Sindicato e podemos interferir nesse processo, somos muito propositivos. Temos a tarefa de discutir a inclusão, seja no mundo do trabalho, racial, das mulheres, meio ambiente, são vários temas que o Sindicato propõe e tem condições de participar desse processo de transformação tão necessário para as nossas vidas e para o futuro das nossas famílias.

Entenda o CSE

CSE

Unidade de representação do Sindicato nos locais de trabalho. É formado por diretores sindicais eleitos diretamente entre os sócios e aposentados.

Em números

A quantidade de membros no CSE corresponde ao número de sindicalizados que exercem suas atividades profissionais na empresa.

Ações

Representar o Sindicato e os trabalhadores; encaminhar reivindicações, negociações e todos os demais atos decorrentes da luta sindical; acompanhar e fiscalizar o cumprimento das cláusulas dos acordos, convenções e contratos coletivos de trabalho.

Foto: Januário F. da Silva

Você sabia?

Vinte e quatro anos se passaram desde o primeiro processo eleitoral dos CSEs (Comitês Sindicais de Empresas), que mudou a forma de organização dos Metalúrgicos do ABC. Em abril de 1999, a categoria elegia seus 196 dirigentes, trabalhadores em 69 empresas e aposentados para formar a diretoria de base dos Metalúrgicos do ABC.

A eleição aconteceu nos dias 12 e 13 de abril daquele ano. Na Volks, maior fábrica em números de trabalhadores na época e uma das poucas que houve disputa por duas chapas, 58% dos 12 mil eleitores votaram na chapa 1 do CSE, contra 42% que apoiaram a chapa da oposição.

Nos dias 26, 27 e 28 de maio, foi a vez de escolher o Conselho da Executiva da Direção e Conselho Fiscal na chapa encabeçada pelo então presidente Luiz Marinho e 26 membros. A posse da Direção aconteceu em 19 de julho seguinte.

“A partir dessa eleição, a organização no chão de fábrica assume uma importância ainda maior. Os trabalhadores passam a contar com um diretor do Sindicato que atenderá diretamente as demandas dos companheiros ao pé da máquina e, ao mesmo tempo, irá trazer e levar às empresas as linhas mestras de atuação da categoria”, afirmou o dirigente na época.