“Não existe nenhum país do mundo onde a democracia seja saudável e a desigualdade seja grande”
Em live realizada na última terça-feira, 13, transmitida pelas redes sociais do Sindicato e TVT, o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, conversou com o economista Eduardo Moreira sobre desigualdade, pobreza e pandemia.
Wagnão lembrou que o Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo, ficando atrás apenas de África do Sul, Namíbia, Zâmbia, República Centro-Africana, Lesoto e Moçambique.
“Muitas vezes as pessoas imaginam a desigualdade como um conceito econômico, mas a gente sabe que não é só isso. Entre essas desigualdades, além da de renda, estão a desigualdade habitacional, alimentar, sanitária, educacional, de oportunidade de trabalho, de acesso à saúde e à cultura, desigualdade de gênero e de raça”, pontuou.
O economista destacou que em alguns desses itens o Brasil é o país mais desigual no mundo entre as nações democráticas.
“Em um outro índice que mede desigualdade de renda, o Brasil só perde para Botsuana. O argumento dos poderosos que defendem essa política econômica, injusta e concentradora de renda é que desigualdade não é problema, mas sim a pobreza. Para eles, basta fazer quem ganha menos ganhar mais, mas matematicamente essa equação não fecha se não tirar dessas pessoas que acumulam tanta riqueza neste país para redistribuir a renda”.
Eduardo ressaltou que no Brasil, ao longo das últimas décadas, os 50% mais pobres ficaram com apenas 10% da renda gerada no país.
“É impossível resolver a questão do povo pobre brasileiro se não mudar essa parte da equação. Não existe essa solução que os neoliberais falam, é preciso atacar a desigualdade para atacar a pobreza”.
Ainda segundo ele, quanto mais desigual o país vai ficando, mais os ricos concentram também poder, entre eles, o poder político.
“Então eles usam esse poder para criar cada vez mais dificuldades para que as pessoas mais pobres ou microempresários que estão começando suas carreiras possam competir com eles”, explicou.
“Torna-se cada vez mais difícil vencê-los, porque eles criam muralhas em torno dos seus impérios, assim os países vão perdendo em produtividade e competitividade e perdem democracia. Não existe nenhum país do mundo onde a democracia seja saudável e a desigualdade seja grande.”