“Não tenho qualquer constrangimento”
De tanto que fala, os companheiros de trabalho dizem que a sua deficiência poderia ser na língua ao invés na perna esquerda. Na fábrica, o apelido é Perni-nha. Na família até de moleque aleijado já chegou a ser tratado.
Mas nada disso tira o bom humor do montador oficial, Luiz Carlos Vieira Caetano da Silva, o Perninha, que há 18 anos trabalha na linha do caminhão Cargo, na Ford.
“Sou feliz porque consigo brincar com meu problema”, afirma, ele que sofre de paralisia infantil na perna esquerda desde os três meses de idade.
Este estado de desenvoltura, Luiz deve à facilidade de se relacionar no ambiente de trabalho. “Minha deficiência nunca me causou algum problema e não tenho qualquer constrangimento”, fala o trabalhador.
Luiz conta que sempre se preocupou em conversar com os companheiros de trabalho sobre deficiência física, no que ele chama de trabalho de conscientização.
“Sempre procurei mostrar que podia fazer tudo aquilo que me propunha a fazer. Quando não conseguia, não me sentia humilhado em pedir ajuda”, explica.
Tanto que não tem constrangimentos que, apesar do aparelho ortopédico que usa, Luiz conta que já voou de asa delta e faz rapel (escaladas de cachoeiras).
E viaja sempre, dirigindo seu próprio carro para Belo Horizonte, cidade onde nasceu.