Nas montadoras, 3,7% de real. Outros grupos recebem aviso de greve
Em assembléia realizada sábado, os trabalhadores nas montadoras aprovaram proposta de acordo com reposição da inflação, aumento real e melhoria nas cláusulas sociais. “Há 15 anos a categoria não conquistava três aumentos reais consecutivos”, comemorou José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato.
Nova proposta do Sindipeças foi rejeitada ontem na mesa de negociação e todos os grupos estão recebendo aviso de greve. A luta da categoria é por acordos semelhantes ao das montadoras.
Terceiro ano de aumento real nas montadoras
Nas últimas três campanhas salariais, os metalúrgicos conseguiram um aumento real acumulado de cerca de 10% nas montadoras e cerca de 8% nos demais grupos patronais.
Ao fazer essas contas, o presidente do Sindicato José Lopez Feijóo disse que ouviu dos patrões, durante as negociações, que o governo Lula está ficando muito caro.
Para o presidente do Sindicato, os patrões preferem um governo com política econômica que não permita aumento real de salário.
“O crescimento econômico propicia campanhas salariais melhores. Para os trabalhadores, o governo Lula está sendo bem melhor que os anteriores”, lembrou Feijóo.
Volks breca
Na mesa de negociação, os representantes das montadoras concordaram com um acordo salarial com validade por dois anos.
Ficou certo que, em setembro do próximo ano, já está garantida a reposição total da inflação e um aumento real de, no mínimo, 1,3%.
Fora da mesa de negociação, os representantes das montadoras disseram que a Volks havia pulado fora do acordo de dois anos e só concordava com um ano. O aviso foi feito extra oficialmente.
Na assembléia, os trabalhadores aprovaram acordo valendo para todas as montadoras. E só vamos aceitar a validade do segundo ano caso todas elas assinem.
“Os patrões que se resolvam entre eles”, avisou Feijóo.
Conforme foi decidido na assembléia de abertura de campanha, em 17 de junho, e reafirmado na assembléia do último sábado, haverá cobrança de taxa negocial de quem não é associado ao Sindicato.
O acordo é este:
Reposição da inflação do período, a partir de setembro, que deve ficar entre 5% e 5,2%. O índice a ser aplicado será conhecido ainda na primeira quinzena de setembro, com a divulgação do INPC.
Aumento real de 3,7% a partir de setembro até o teto de R$ 6.523,00. Para salários acima desse valor será aplicado valor fixo de R$ 586,00.
Dependendo do INPC, o reajuste total vai ficar entre 8,8% e 9%.
As cláusulas sociais e econômicas serão renovadas por dois anos. Na campanha do próximo ano os trabalhadores já têm garantida a reposição total da inflação e no mínimo 1,3% de aumento real.
Na cláusula sobre contratação de mão-de-obra foi acrescentado parágrafo que proíbe a contratação de cooperativas nas áreas de produção.
Na cláusula sobre complementação do auxílio-doença foi acrescentado parágrafo garantindo que o aposentado receberá à título de complementação a diferença entre o benefício de aposentadoria pago pelo INSS e o salário nominal.
Na cláusula que garante estabilidade de 12 meses (ou 18 meses) ao trabalhador em vias de aposentadoria que tem 5 anos (ou dez anos) de trabalho na mesma empresa, foi acrescentado parágrafo que essa garantia vale até que a aposentadoria seja confirmada oficialmente.