Nas ruas, trabalhadores lutam em defesa dos empregos na Ford e contra a reforma da Previdência

Foto: Adonis Guerra

O Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência e da aposentadoria, organizado pela CUT e demais centrais sindicais, começou cedo no ABC na sexta-feira, 22. Por volta das 7h, os companheiros na Mercedes, em São Bernardo, saíram do pátio da montadora em caminhada até a Ford para prestar solidariedade à luta em defesa dos empregos.

Na Ford, milhares de metalúrgicos do ABC, trabalhadores de diversas categorias e movimentos sociais se juntaram ao ato.

Os trabalhadores na região aprovaram a disponibilidade de fazer a luta e o engajamento do ABC em uma greve geral, quando for convocada pelas centrais sindicais. Confira os atos em São Paulo e pelo Brasil na página 4.

O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, destacou a importância da mobilização.

“São duas pautas bem específicas que têm a ver com as nossas vidas: contra o anúncio de fechamento dessa fábrica histórica da categoria e contra essa proposta que não se trata de reforma da Previdência, e sim de um desmonte que vai tirar direitos de todos nós”, anunciou. 

“Não tem arrego na luta em defesa dos direitos”, convocou Wagnão.

Os trabalhadores seguiram em passeata da portaria da Ford rumo à Praça São João Batista, no Rudge Ramos. O ato contou com intervenção cultural, com quatro cavaleiros do apocalipse simbolizando o que vai acontecer se a reforma passar: peste, fome, guerra e morte.

Durante o percurso, os dirigentes do Sindicato, representantes de outras categorias e parlamentares reforçaram em suas falas os impactos do fechamento da multinacional e do desmonte da Previdência Social com a proposta do governo Bolsonaro.

O secretário-geral da CUT e CSE na Mercedes, Sérgio Nobre, lembrou que o fechamento implicará no fim de mais empresas, o que aumentará o desemprego e a consequente diminuição de arrecadação da Previdência.

“Esse não é o caminho do nosso país, o caminho é a geração de emprego, o fim da informalidade, assim se garante condições a uma aposentadoria digna para os pais e mães de famílias. O maior banco do país é a Previdência Social, é ela que protege o trabalhador quando ele precisa”.

O secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, destacou que a luta para manter os empregos na Ford deve ser de toda a região e apontou para os perigos da reforma. “Essa reforma vai mudar a forma de vida de toda a sociedade brasileira. As pessoas ficarão na miséria sem aposentadoria e sem proteção social”, alertou.

O coordenador do CSE na Mercedes, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max, destacou que esse governo, em três meses, só tem trabalhado contra a classe trabalhadora. “Se o governo está colocando como prioridade a votação da reforma da Previdência, isso também deve ser prioridade na nossa luta”, defendeu. 

O deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, reforçou que o momento é de cobrança. “É preciso dizer ao Congresso que o povo está de olho em traidores da classe trabalhadora”.

No encerramento, em frente à igreja, o padre Paulo Afonso, da paróquia São João Batista, explicou que o tema da Campanha da Fraternidade deste ano é ‘Fraternidade e Políticas Públicas’. “A igreja está a favor de vocês e desse movimento em defesa do bem comum. Vemos com muito temor a reforma da Previdência. Clamamos por justiça”.

Luta na Ford

Durante o encontro na portaria da Ford, Wagnão comunicou a confirmação de uma reunião com o governador João Doria, na quinta-feira, 28, às 18h, para tratar especificamente sobre as negociações da Ford com possíveis compradores. 

“Estamos fazendo a luta numa série de espaços políticos. Quem é o patrão não nos interessa, o que interessa é que a fábrica fique e os empregos também”.

O coordenador-geral da representação na Ford, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba, reforçou a cobrança pela participação dos trabalhadores na negociação.

“A luta vai continuar em defesa dos empregos. Os trabalhadores estão convocados para assembleia na terça-feira, 26”, chamou.

Fotos: Edu Guimarães

Da Redação.