Negociação não avança e greve na Mercedes continua
Fotos: Edu Guimarães
A reunião realizada na tarde da última segunda-feira, entre o Sindicato e a direção da Mercedes, em São Bernardo, terminou sem avanços na proposta de acordo coletivo. Diante do impasse, os trabalhadores na montadora decidiram continuar de braços cruzados por tempo indeterminado.
Uma nova assembleia está marcada para hoje, às 7h30, para informações sobre as negociações e avaliação da greve.
Em assembleia na manhã de ontem, os representantes do Comitê Sindical de Empresa, o CSE, falaram aos companheiros sobre a postura intransigente da direção que, inclusive, distribuiu um boletim lamentando a greve e informando que descontará os dias parados.
“Nos últimos dias, nos esforçamos ao máximo para buscar, por meio do processo de negociação, uma proposta possível de ser apresentada aos trabalhadores e trabalhadoras. Depois da conversa de ontem (segunda), a empresa distribuiu um boletim ‘lamentando’ o início da greve, mas somos nós que lamentamos essa intransigência”, avaliou o coordenador do CSE na montadora, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max.
O coordenador ressaltou que os trabalhadores estão muito cientes do que significa a paralisação iniciada na segunda-feira. “A greve tem um objetivo concreto que é atingir a pauta colocada na negociação, mas também tem o sentido de tornar as pessoas mais companheiras. Quem passa pelo processo de luta junto, ao final, além do resultado da negociação, tem o sentimento de solidariedade fortalecido”.
“Quem está participando de uma greve pela primeira vez deve começar a exercitar o companheirismo, que também é construído nesse processo”, completou.
O secretário-geral do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, lembrou a importância de os companheiros ficarem atentos à comunicação oficial em um momento delicado como este. “A informação se tem proposta ou não é dada aqui no caminhão de som. Em um momento de greve, a comunicação é algo muito importante, por isso é preciso tomar cuidado com especulações e informações desencontradas”.
“Precisamos ter incorporação ao salário, rediscutir a fórmula do cálculo de PLR e achar uma alternativa para essa redução de custo que a empresa coloca com a redução de horistas indiretos e mensalistas”, explicou o secretário-geral do Sindicato sobre a pauta dos trabalhadores.
Além de batalhar para manter os empregos, o Sindicato não aceita as propostas da montadora de voltar com a meta do absenteísmo (falta ou atraso), que a Mercedes alega ser de 10%; de excluir itens como a cláusula de estabilidade ao acidentado, a complementação salarial até 120 dias de afastamento e a cláusula de salário admissão. Os Metalúrgicos do ABC defendem a manutenção de todas as cláusulas e a inclusão de uma cláusula de salvaguarda contra a reforma Trabalhista.
Para além da fábrica
O coordenador do CSE lembrou que a luta não pode se restringir à fábrica e que ela deve servir de referência para outras classes de trabalhadores. “Nosso embate é muito maior, é preciso discutir também o que está sendo feito fora da fábrica, que tipo de política está sendo construída e apoiada pela classe patronal. Quem acha que a gente não deve fazer esse debate vai ficar à mercê das decisões que eles estão tomando de forma unilateral”, afirmou Max.
“O governo toma decisões sem discussão com a população e algumas empresas estão fazendo a mesma coisa. Às vezes não percebemos a relação da situação interna com a externa, isso exige muito mais esforço. Não vamos ficar fazendo a luta aqui com a regra determinada, precisamos também mudar as regras”, finalizou.
Da Redação.