Negociação salarial no país melhorou neste ano, apesar da crise

Setorialmente, os números da indústria - que mais sofreu os impactos da crise - são os que mostraram mais deterioração nas negociações salariais. Nos cinco meses em análise caiu de 86% para 83% o total de segmentos que promoveram ajustes acima da inflação

 

A crise internacional não trouxe muitos obstáculos para as negociações salariais no Brasil. Ao contrário, nos cinco primeiros meses deste ano cresceu de 89% para 96% o número de categorias que tiveram no mínimo a cobertura da inflação do Índice Nacional de preços ao Consumidor (INPC). O estudo, feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), compara cem setores em relação aos primeiros cinco meses de 2008.

Também houve ligeira melhora no volume de setores que reajustaram salários acima do INPC. Esse conjunto passou de 77% em 2008 para 78% neste ano.

O Dieese chama atenção, no entanto, para o aumento da incidência de casos de recomposição apenas das perdas inflacionárias. O estudo aponta que 18% dos setores analisados atuaram dessa maneira, contra 12% em 2008.

A ressalva vale para quatro categorias que tiveram recomposição de mais de 4,5% acima do INPC. No ano passado nenhum caso do tipo havia sido registrado.

Setorialmente, os números da indústria – que mais sofreu os impactos da crise – são os que mostraram mais deterioração nas negociações salariais. Nos cinco meses em análise caiu de 86% para 83% o total de segmentos que promoveram ajustes acima da inflação.

Mesmo assim, não cresceu o bloco dos que não chegaram a recompor perdas, estabilizado em 6%, incluídas aí as indústrias metalúrgica, química e farmacêutica. O aumento se deu no grupo de elevou o salário apenas em igual medida da inflação, que passou de 8% para 11%.

No comércio, a situação até melhorou, pois os efeitos da crise foram mais modestos. Segundo o Dieese, todos as categorias tiveram cobertura das perdas com inflação, situação bem melhor do que a de 2008, quando 13% dos segmentos tinham dado aumentos inferiores à variação do INPC. Ainda assim, caiu de 86,1% para 83,3% o volume de aumentos acima da inflação.

A melhor performance em reajuste salarial no país foi observada no setor de serviços, onde os casos de aumento de salário acima da inflação subiram de 71,4% para 77,6%. Nesse grupo entram as categorias de educação, processamento de dados, bancos e seguradoras.

Ao mesmo tempo, diminuíram de 14,4% para 4,1% as ocorrências de ajuste abaixo da inflação no setor de serviços. Além disso, as recomposições restritas à inflação no setor se ampliaram pouco, de 14,3% para 18,4%.

Valor Online