Negros são minoria e ganham menos que não negros no ramo metalúrgico
Paulo de Souza / SMABC Christiane Aparecida, da CNM-CUT |
Estudo feito em todo o País pela subseção Dieese da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT) concluiu que trabalhadores negros são minoritários no ramo metalúrgico e ganham salários inferiores que companheiros não negros no mesmo ramo.
Entre os homens, os vencimentos são 37% menores, e com as mulheres a diferença é ainda maior, chegando a 41%. E dos 2,3 milhões de trabalhadores empregados no setor, o índice de metalúrgicos negros é apenas 26,7%.
Para a secretária de Igualdade Racial da CNM-CUT, Christiane Aparecida dos Santos, que trabalha em Pouso Alegre (MG), essa diferença é explicada pela qualificação da mão de obra.
“Infelizmente, o círculo vicioso gerado pela exclusão social e o preconceito ainda persiste no mercado de trabalho”, denunciou.
“Paga-se menos para o trabalhador negro, o que dificulta muito sua possibilidade de qualificação profissional”, prosseguiu.
“Desta forma, mesmo sendo maioria na população, aos trabalhadores negros continuam restando ocupações com salários menores”, avaliou a dirigente.
Remuneração
Ainda conforme o estudo, a remuneração média do metalúrgico negro é R$ R$ 1.938,00 contra R$ 2.661,67 recebidos pelos não negros. Já a metalúrgica negra recebe em média R$ R$ 1.421,00, enquanto entre as não negras o salário médio é R$ 2.007,48.
“De novo constatamos o abismo e como a discriminação é ainda mais gritante em relação à mulher negra”, afirmou Christiane. “Apesar de todas as políticas afirmativas em relação a gênero e raça, a exclusão e o preconceito continuam sendo instrumentos usados para gerar mais lucro aos empregadores”, protestou.
“É inaceitável essa falsa lógica que faz o trabalhador negro valer menos ainda persistir 124 anos depois da abolição da escravatura”, finalizou a secretária de Igualdade Racial da CNM-CUT.
Da Redação