“Nenhum convênio médico quer saber dos idosos”

Para o diretor AMA-ABC, Odair Foschi, que cuida da área da saúde, os planos de saúde discriminam as pessoas com mais de 59 anos alegando alta sinistralidade


Odair Foschi explicou os problemas da Medial aos associados da AMA

No dia 27 de fevereiro, cerca de 3 mil sócios da AMA-ABC participaram de assembleia realizada no Centro de Formação Celso Daniel, quando receberam a informação de que o convênio médico Medial, que havia comprado a AMESP, pressionava por 44% de aumento, divididos em duas parcelas.

Os associados  tomaram conhecimento que a direção da AMA-ABC foi contra o reajuste e, para preservar os sócios, assinou contrato com a Samcil e a Santa Amália, que oferecem menores preços.

O diretor AMA-ABC, Odair Foschi, responsável pela área da saúde, disse que os planos de saúde discriminam as pessoas com mais de 59 anos alegando alta sinistralidade.

Como os associados reagiram?
Eles ficaram indignados, como nós ficamos, já que foi criada uma situação muito ruim. A maioria não tem condições de bancar o aumento da Medial. Por outro lado, a mudança de plano acarreta muitos problemas, sendo o principal deles a troca dos médicos.

O que a Medial alega?
A alegação é sempre a mesma, que os idosos são caros. Em março de 2008 houve um reajuste de cerca de 20%. Em março de 2009 ela reajustou entre 16% e 20%, dependendo da faixa etária. E em agosto do ano passado a Medial avisou que teria de aumentar mais 20% em novembro e outros 20% em janeiro deste ano.

E qual a posição da AMA-ABC?
Nós não concordamos e acenamos com a rescisão de contrato. Em setembro, fizemos convênio com a Samcil, que transportaria todos os nossos sócios cobrando um valor menor. E também assinamos com a Santa Amália, com carência zero durante um mês e com cobertura total, além de plantão de geriatra, psicólogo e fisioterapeuta na Sede. Contatamos a Amil mas ela não quis fazer contrato alegando que a AMA-ABC tem muito idoso.

Quais são as exigências?
Os convênios alegam que têm muito gasto e querem sempre um percentual de jovens, filhos ou netos para agregar ao plano. Querem pelo menos 10% para compensar os idosos. Mas, os filhos dos aposentados trabalham e têm seus convênios pelas empresas.

Qual a situação da Medial?
A prestação de serviço piora a cada dia que passa. A Medial está descredenciando muitas clínicas e rescindindo contratos com médicos. Ela adia cirurgias e para marcar consulta cria dificuldade, pois pedem número da carteirinha do associado e o código da empresa. Além disso, ela emitiu boletos com atraso e a pessoa fica desesperada achando que não tem mais direito ao convênio.

São muitos associados da AMA-ABC nos convênios?
Somos cerca de 12 mil associados nos planos, mas não existe interesse das empresas. Ninguém quer saber do idoso.

A Justiça não é uma alternativa?
As pessoas que entraram com ação na Justiça para manter os preços ganharam liminares que depois foram derrubadas e elas ficaram sem o plano. Se nós entrarmos com ação na Justiça teremos dificuldade em negociar com outros convênios. É uma situação complicada. Agora, estamos contatando a Agência Nacional de Saúde (ANS), pois é ela que autoriza e regula os preços. Além disso, teremos de contratar empresa para a emissão dos boletos, já que a ANS não permite mais que os convênios façam isso, o que vai encarecer ainda mais os valores cobrados dos associados.