Neoliberalismo: Multinacionais no banco dos réus

Encontro paralelo à reunião da União Européia montou tribunal para julgar violação de direitos humanos, trabalhistas e ambientais praticados pelas multinacionais que atuam nos países da América Latina.

Sociedade julga multinacionais

O julgamento das políticas neoliberais de multinacionais de origem européia será realizado no encontro paralelo à reunião da União Européia, América Latina e Caribe, que ocorre em Viena, na Áustria.

O tribunal julgará empresas como Aracruz Celulose, Bayer, Unilever, Telefonica, Calvo, Cargill, Bunge, British Tobacco, Benetton e os bancos Santander e ABN Amro.

Representantes de movimentos sociais de diferentes países apresentarão relatórios sobre o desempenho destas companhias para discutir violações de direitos humanos, trabalhistas, ambientais e em outras áreas.

Sem compromisso – Kjeld Jakobsen, da CUT, apresentará o caso da Unilever, de origem inglesa e holandesa, que atua nos setores de alimentação e produtos de limpeza. “A empresa compra fabricas de concorrentes para apropriar-se apenas das marcas e depois demite os trabalhadores, sem nenhuma negociação previa, como ocorreu na Cica”, denuncia Kjeld. Em Vinhedo, no interior de São Paulo, a multinacional incentivou os trabalhadores a saírem dos sindicatos.

Ele conta que as empresas européias em geral, diferentemente das norte-americanas, tem mais cultura de negociação com os trabalhadores. “Mas nem todas conseguem levar esse modelo para lá”, diz Kjeld. “No fundo a questão é a mesma. Nasnegociações comerciais internacionais, as empresas pedem o mesmo: mais facilidades, sem compromissos”, conclui.

O tribunal das multinacionais é organizado pelo Tribunal Permanente dos Povos, criado em 1979 para denunciar à opinião pública internacional casos de violação de direitos humanos e é semelhantea tribunais que julgaram crimes cometidos na guerra do Vietnã e durante a 2ª Guerra Mundial.