Netinho de Paula denuncia padrão europeu de tevê no Brasil

O músico, apresentador de tevê e vereador por São Paulo esteve no Sindicato para participar do 5º Roda de Conversa

“Os negros são tratados na mídia brasileira da forma que a elite quer e não na forma que a gente gostaria de ser visto”, afirmou o músico, apresentador de tevê e vereador por São Paulo, Netinho de Paula, que esteve no Sindicato na quinta-feira (3), para participar da quinta edição do Roda de Conversa, que debateu o preconceito com que os negros são tratados na mídia brasileira.

O encontro, com o tema Desafios e possibilidades – Comunicar pra quê? Comunicar com quem? Comunicar pra quem?. “Temos que ter mais espaço, termos veículos, lugares em que possamos nos mostrar”, acredita Netinho.

Atualmente apresentando o Show da Gente, no SBT, Netinho ressaltou a necessidade das cotas para a inclusão dos negros nos setores elitizados da sociedade brasileira. “Não vejo outra solução melhor e mais eficiente do que as cotas. Quando eu falo de comunicação, falo de oportunidade. Nós, negros, não a temos. O Brasil escolheu o padrão europeu para a televisão. Vamos ter que seguir lutando anos a fio”, finalizou.

O parlamentar contou sobre seu difícil início como apresentador. “Antes de ir para a TV Record, comandei o quadro “Dia de Princesa”, que fez muito sucesso. Eu sonhava em ter o meu próprio programa. E isto eles não quiseram me dar. A partir daí, vi que os meios de comunicação não aceitavam negros com posição de destaque”, descreveu.

Entretanto, Netinho acredita que, mesmo com o seu êxito na televisão, poucas coisas mudaram. “Após a minha saída da Record, achei que dariam maiores chances aos negros na mídia. Isto não aconteceu. Então, decidi montar a TV da Gente. Nela, queria dar espaço a todas as raças, etnias e crenças. Seria um espaço totalmente democrático”.

Em 2005, o vereador, enfim, obteve a concessão de um canal e, desta forma, a TV da Gente entrou no ar no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. “Fui acusado de racista, pois afirmavam que a minha emissora era feita só para a população negra. Tremenda mentira. Estava sozinho nesta luta. Acabei perdendo a retransmissora em São Paulo. Perdi, também, o investimento publicitário. A TV da Gente continua existindo apenas na cidade de Pacajus, no Ceará”, disse.

Da Redação