No Brasil 32 pessoas se suicidam por dia, maioria é homem jovem
A Organização Mundial da Saúde aponta que nove em cada dez dessas mortes podem ser evitadas com atenção adequada
O Sindicato, que está presente em todas as lutas pela valorização da vida e dignidade dos companheiros e companheiras, não só dessa categoria metalúrgica, mas de toda a classe trabalhadora, abraça mais esta causa na campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio.
O Setembro Amarelo foi criado em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar à cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).
Segundo dados divulgados esta semana pela OMS (Organização Mundial de Saúde) 32 brasileiros se suicidam diariamente. No mundo, ocorre uma morte a cada 40 segundos. Aproximadamente 1 milhão de pessoas se matam a cada ano. Sabe-se que os números são muito maiores, pois há subnotificação. Além disso, os especialistas estimam que o total de tentativas supere o de suicídios em pelo menos dez vezes.
Os números do relatório, referentes a 2016, indicam que no Brasil, foram registrados 13.467 casos, a maioria (10.203), 76%, homens. Entre os jovens a estatística é ainda mais alarmante, o suicídio é a segunda causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos no mundo.
A OMS também aponta que nove em cada dez dessas mortes podem ser evitadas com prevenção e atenção adequadas. O portal da Campanha “Setembro Amarelo” lembra que é preciso perder o medo de falar sobre o assunto. “Esclarecer, conscientizar, estimular o diálogo e abrir espaço para campanhas contribuem para tirar o assunto da invisibilidade e, assim, mudar essa realidade”, diz o texto.
“É muito importante a existência do Setembro Amarelo, mas a gente compreende também que não é suficiente para abordar os aspectos que envolvem o suicídio. É preciso falar de saúde mental e da prevenção aos suicídios todos os meses e todos os dias do ano”, alertou a psicóloga Ana Sandra Fernandes, vice-presidenta do Conselho Federal de Psicologia, em entrevista ao Jornal Brasil Atual.
“Toda morte que ocorre em uma sociedade diz algo sobre essa sociedade. E a gente precisa refletir sobre o processo que a gente vive, a fragilidade dos nossos vínculos”, completou.
Fatores políticos
A publicação do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, “Políticas de austeridade e seus impactos na saúde”, de 2018, chama a atenção para a relação entre o número de suicídios em um contexto de crise econômica e soluções ancoradas no chamado “ajuste fiscal”.
“A relação entre crise econômica e transtornos mentais está bem documentada na literatura. A perda de emprego, dívidas, moradia e problemas financeiros são situações de estresse que se agravam ainda mais quando associadas às medidas governamentais de redução dos orçamentos e gastos com saúde”, aponta o texto.
Centro de Valorização da Vida
LIGUE 188
Há mais de 50 anos, o programa apoia pessoas com necessidade de ajuda emocional. Para conversar com um voluntário, basta ligar para 188 de todo o território nacional, 24 horas todos os dias de forma gratuita e anônima.
Além da conversa, o CVV disponibiliza outras ferramentas:
• Grupos de Apoio aos Sobrevivente de Suicídio (GASS), destinado a pessoas próximas de alguém que cometeu o suicídio e àquelas que tentaram o suicídio;
• Caminho de Renovação Contínua (CRC), para reflexão e troca de experiências;
• Cine-SER CVV, exibição de filmes com comentários e reflexões;
• Curso Caminho de Valorização da Vida, no qual se busca o autoconhecimento por meio do compartilhamento de vivências do dia-a-dia, com dez encontros de duas horas cada;
• Curso de Escutatória, que visa aprimorar as habilidades em ver, ouvir, falar e compreender, com foco no atendimento pessoal.
Para mais informações
11 98946-8200