No dia em que o Brasil bate recorde de mortes, Bolsonaro faz pressão no STF pelo fim do isolamento

610 mortes foram registradas em 24 horas, passando de 9 mil. Enquanto isso, presidente, ministro e empresários só se preocupam em tirar “indústria da UTI”

No dia em que o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no Brasil saltou para 135.106, passando dos 9 mil mortos, o presidente Jair Bolsonaro invadiu o STF (Supremo Tribunal Federal) com um grupo de empresários e o ministro da Economia, Paulo Guedes, para pressionar o presidente da Corte, Dias Toffoli, pelo fim do isolamento social e a retomada da atividade econômica. O Brasil é o sexto país com mais mortes por Covid-19 no mundo.

“Desprezível é a palavra mais correta para definir esse presidente da República, que não tem a menor sensibilidade com relação às pessoas mortas, contaminadas e às famílias que estão chorando seus mortos. Ele se alia àqueles que só têm interesse no lucro para pressionar o STF, ao mesmo tempo em que arruma uma desculpa para sua incompetência e total falta de empatia com a população desesperada entre a dúvida de se arriscar a contrair uma doença mortal ou colocar o arroz e feijão na mesa”, declarou o presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão. 

O presidente lembrou a declaração de um empresário que evidencia o desprezo pelos mais pobres. “Boa parte do empresariado insiste em jogar a classe trabalhadora aos leões, à sua própria sorte. Na semana passada ouvimos do proprietário da XP Investimentos que o pico da epidemia já havia passado para as classes altas e médias. Esse recado é claro, ele pouco se importa com a vida da classe trabalhadora”.

Os dados divulgados ontem não indicam que as infecções e óbitos tenham necessariamente ocorrido nas últimas 24 horas, mas sim que os registros foram inseridos no sistema no período devido à demora nos resultados dos exames.

Em São Paulo, Estado mais afetado pela pandemia, com 39.928 casos confirmados e 3.206 mortes, houve endurecimento do isolamento social e prorrogação da quarentena para o dia 31 de maio. O uso obrigatório de máscaras de proteção em todos os espaços públicos passou a valer ontem. Com o decreto, cada cidade fica responsável pela fiscalização e punição dos munícipes que desrespeitarem a decisão.

A reabertura de parte do comércio em São Paulo, prevista para 10 de maio, também foi prorrogada devido ao baixo nível de isolamento social. Para a flexibilização da quarentena, segundo especialistas, a curva de contaminação da Covid-19 precisa estar em queda, com testagem massiva, isolamento social em pelo menos 70%, e leitos de internação disponíveis, o que não ocorre em São Paulo.

ABC

Na região, são 2.502 pessoas infectadas e 240 mortes confirmadas pela Covid-19. Em 24h, foram 89 novos casos e nove mortes.

A taxa de letalidade no ABC, de 9,6%, é mais alta que no Estado, com 8%, e no país, 6,8%. O total de casos e mortes tem dobrado a cada nove dias, em média.

O índice de isolamento social ficou em 48% no dia 6. 

As informações são da ABC Dados Pesquisa e Planejamento de ontem à noite.

Estado de São Paulo

O governo do Estado de São Paulo divulgou ontem que são 39.928 casos confirmados e 3.206 óbitos.

São Paulo é o epicentro da doença no Brasil. Há casos em 381 dos 645 municípios do Estado.

O índice de isolamento social na capital e no Estado ficou em 47% no dia 6.

Na Região Metropolitana de São Paulo, que reúne 39 municípios, incluindo o ABC, 89,6% dos leitos de UTI e 70,3% de enfermaria estão ocupados. Em todo Estado, são 66,9% de UTI e 48,3% de enfermaria estão ocupados.

Brasil

Em todo o país, são 135.106 casos e 9.146 mortes registradas.

Em 24h, foram confirmadas 610 mortes. Além disso, são 1.782 mortes em investigação.

A região Sudeste concentra 44,9% dos casos de todo o país.

Desde 17 de março, com a 1ª morte confirmada no país, os casos continuam aumentando.  

As informações são Ministério da Saúde de ontem.

Mundo

São 3.672.238 de casos confirmados (83.465 novos em relação ao dia anterior)

254.045 pessoas morreram (6.539 novos casos em relação ao dia anterior).

Os dados são da OMS (Organização Mundial da Saúde) de ontem.