No mês da Consciência Negra, CUT realiza atos em todo o Brasil

 


Luta contra o racismo passa por acordos coletivos, diz Vagner Freitas.Foto:Roberto Parizotti

Durante a mesa temática de abertura oficial do mês da consciência negra , o presidente da CUT, Vagner Freitas, recordou que a Central sempre teve o papel de vanguarda na organização de ações de combate ao racismo e ao preconceito e que isto faz a CUT diferente das outras centrais sindicais. “Temos que ter mais ações afirmativas. Há uma dificuldade dos sindicatos compreenderem a importância de inserir dentro das suas convenções coletivas e do debate sobre a negociação salarial claúsulas que abordam a questão racial. Um ponto de grande importância seria a garantia de cotas raciais na contratação de trabalho. Não há nada neste sentido hoje. Existem algumas boas propostas, mas que ainda não se efetivaram”, lamentou.

De acordo com Vagner, sem ações afirmativas e políticas públicas não há reparação da dívida histórica e a consolidação de um processo permanente de transformação social. “É uma luta com corte classista muito forte. Fazer o enfrentamento nos aspectos comportamental e preconceituoso, mas também econômico, porque há uma clara apropiação da força de trabalho por parte da burguesia impetrando aos/as negros/as salários mais baixos e ocupações mais precárias com o objetivo de constituir vantagens econômicas. O movimento sindical necessita ter clareza destas diferenças, buscando ações afirmativas e políticas públicas nos seus estados e municípios”, argumentou o presidente da CUT.

Para Eunice Léa de Moraes, representante da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), a luta deve ser balizada em dois aspectos estruturantes: racismo e sexismo.

Se o preconceito é evidente na sociedade, muito pior é para as mulheres negras em todos as perspectivas. Na saúde, por exemplo, dados do Relatório Anual das Desigualdades Raciais (2009-2010) comprovam a existência do preconceito e discriminação no tratamento de mulheres brancas e negras nos serviços públicos, com as negras tendo maiores dificuldades ao acesso à exames relacionados a saúde sexual e reprodutiva. Desigualdade no atendimento que se relaciona diretamente à mortalidade materna que acomete com maior proporcionalidade às mulheres negras, sendo que metade dos óbitos que se relacionam com o aborto é por ação espontânea.

“Por isso, é tão importante fortalecermos a agenda da Secretaria com o movimento social e sindical consolidando ações de promoção da igualdade racial e dos direitos, combatendo este alto índice de mortalidade das mulheres, da juventude negra e do preconceito e discriminação racial”, destacou.

Martvs das Chagas, representando a Fundação Cultural Palmares, militante do movimento estudantil e sindical, lembrou em sua fala que a CUT atua de maneira efetiva contra a desigualdade racial desde os anos 80 e que a partir deste enfrentamento histórico muito já foi conquistado. “Para evidenciar o quanto já avançamos, naquela época lutávamos contra o racismo e discriminação. Continuamos sim, destacando estes pontos, mas agora queremos também igualdade de oportunidades, mais e melhores empregos, educação, saúde. Tudo isso é fruto da mobilização dos movimentos sociais negros, desde a realização da grande marcha à Brasília em 1995 que foi um marco efetivo e que colocou este debate em evidência na sociedade”.

CUT protagonista – A ideia de iniciar as ações no começo do mês, segundo Maria Julia Nogueira, secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, é fazer um diálogo com as estaduais e ramos para que em todo o Brasil se consolidem ações marcando não só o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), mas todo o mês de novembro.

“Uma agenda repleta de atividades por todo o País, fortalecendo a participação da militância CUTista, pensando ações que possam combater efetivamente o preconceito e a discriminação”, declarou.

Além de marcar o mês com atos, manifestações e eventos culturais, a CUT destacará o ínicio da Década Internacional dos Povos Afrodescendentes em dezembro, uma ação da Organização das Nações Unidas (ONU) cujo objetivo é superar os desafios e aprofundar o debate sobre as reivindicações dos/as negros/as de todo o mundo.

 

Abaixo, as atividades já confirmadas para o mês de novembro:

São Paulo – confecção de um jornal especial para o mês. O enfrentamento à violência contra os jovens negros será foco principal dos debates nos eventos programados pela CUT São Paulo e pelos movimentos sociais para comemorar o Dia da Consciência Negra no próximo 20 de novembro.

Alagoas – mesa redonda: Ser Negro/a no Mundo do Trabalho, no Sindicato dos Bancários, dia 14 de novembro, às 19 horas, com a presença da secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT.

Ceará – seminário sobre Igualdade Racial, no dia 20 de novembro, às 9 horas. Atividade da CUT-CE, FENADADOS e Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados do Ceará com a presença da secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT.

Mato Grosso – lançamento da cartilha “Mercado de Trabalho e Igualdade Racial – Subsídios para Negociação Coletiva“, publicação da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo. Ato ocorrerá no Sindicato dos Bancários, no dia 26, em Cuiabá/MT com a presença de Maria Julia e da ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros.

Norte Fluminense/RJ – o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense promove no dia 12 de novembro um show popular às 19h na Praça Veríssimo de Mello, em Macaé com o grupo Makala Música e Dança, que faz parte do projeto AfroRegggae.

Paraná –
audiência pública com o tema: “Mulher Negra e o Mercado de Trabalho“ em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra, às 9 horas, no dia 20 de novembro. Haverá também o lançamento da cartilha “Mercado de Trabalho e Igualdade Racial “.

 

Da CUT