No México, contrato de proteção com os sindicatos protege a empresa

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A partir de hoje, a Tribuna publicará todas as quartas-feiras a seção ‘Trabalho no Mundo’ para tratar das condições de trabalho e da organização sindical em diver­sos países. Hoje o tema é o México.

O secretário-geral da Indus­triALL, federação mundial dos trabalhadores na indústria, Valter Sanches, e o secretário de Relações Internacionais da CNM-CUT, Maicon Michel Vasconcelos da Silva, refletem sobre a situação da mão de obra no país e explicam as ações propostas pela federação para colaborar com a organização dos trabalhadores.

“O maior problema é o México. Eles estão pouco preocupados em desenvolver mercado interno, que­rem mão de obra barata para poder exportar, 60% de toda a produção é exportada. Nessas empresas o trabalhador recebe 1,10 dólar por hora para produzir um carro de 30 mil dólares”, denunciou o secretá­rio-geral.

“A corrupção sistemática é uma das maiores do mundo, eles têm um contrato de proteção que não é para proteger o trabalhador, e sim a empresa”, destacou.

“Desde 2012, com a ascensão dos governos neoliberais, começa­ram a fazer no México as mesmas reformas que estão fazendo no Bra­sil. Os trabalhadores foram muito fragilizados, principalmente com a criação dos sindicatos “charros”, os pelegos, são os sindicatos de proteção”, explicou Maicon.

“Antes de se instalar em qualquer lugar, a empresa já faz um contrato com o sindicato, como se fosse uma convenção coletiva, que determina que trabalhadores não podem se organizar, não podem fazer greve. Isso é algo muito preocupante e re­sultado da fragmentação, o mesmo que está acontecendo no Brasil”, completou.

Sanches denuncia ainda que há o sindicato mafioso ligado ao go­verno corrupto. “O sindicato colo­ca um ou dois representantes para dizer que são dirigentes sindicais e quando há tentativa de organi­zação, eles dão porrada, demitem ou matam. Tudo para tentar evitar que haja sindicato”.

“O presidente do nosso maior sindicato lá, o dos mineiros e metalúrgicos, foi banido do país, porque faz greve e mobilizações e dois dirigentes da fábrica foram presos por dois anos”, alertou.

Estratégia

Sanches explica que a estratégia da IndustriaLL é buscar e articular sindicatos automotivos indepen­dentes e autênticos com o objetivo de criar uma federação automotiva. “Nossa ideia é que seja um projeto permanente e financiado pelos sin­dicatos interessados, americanos, canadenses, brasileiros, argentinos e alemães”, concluiu.

Da Redação.