No reduto das contas nacionais

Em uma sala sem ar-condicionado, no centro do Rio, a temperatura sobe mesmo sem os 40 graus do atual verão carioca. É de lá que Roberto Olinto, coordenador das contas nacionais, nome oficial do Produto Interno Bruto (PIB), comanda a equipe de apenas 31 pessoas que calcula a riqueza produzida todo ano no país. É lá também que chegam, cada dia mais, críticas e sugestões ao cálculo do PIB, que é feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há 27 anos.

Alguns economistas estão convencidos de que as contas atuais subestimam o tamanho do PIB brasileiro. Outros indicam pontos onde o cálculo poderia ser aperfeiçoado e perguntam por que produtos novos, como tablets, ainda não estão no PIB e por que o PIB agropecuário ainda segue a sazonalidade das colheitas agrícolas de 1985.

O IBGE prepara nova revisão do PIB na qual, entre outras alterações, gastos em pesquisa e desenvolvimento serão registrados como investimento. No novo PIB, que será anunciado no fim do ano, apenas algumas questões levantadas serão aprimoradas. Com outras, Olinto não concorda. Para muitas sugestões, com a tranquilidade de quem não tem a chave do cofre, ele avisa: “Não temos recursos”. No IBGE, o salário de ingresso é inferior ao do Banco Central.

Do Valor Econômico