No Sindicato, Frei Betto exibe documentário que narra parte de sua trajetória e debate conscientização política

O público pôde dialogar e fazer perguntas a essa figura tão representativa na jornada histórica dos trabalhadores e trabalhadoras

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Foto: Adonis Guerra

Com casa cheia, o frade dominicano, teólogo e autor de mais de 70 livros, Frei Betto, esteve na Sede na última terça-feira, 19, para a exibição do documentário “A Cabeça Pensa Onde os Pés Pisam – Frei Betto e a Educação Popular”, produzido pela Mirar Lejos Filmes e dirigido por Evanize Sydow.

A obra, parte das comemorações dos 80 anos do frade, integra uma trilogia de documentários e um longa-metragem que retratam a trajetória de Frei Betto e suas interações com a sociedade, no Brasil e no exterior. Na ocasião, o público pôde dialogar e fazer perguntas a essa figura tão representativa na jornada histórica dos trabalhadores e trabalhadoras.

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, destacou a atuação de Frei Betto e sua relação com as lutas dos Metalúrgicos do ABC, entre os anos 1970 e 1980, período em que ele foi assessor do Sindicato.

Foto: Adonis Guerra

“Os valores, aquilo que a gente defende, não mudaram, porque aqui [categoria metalúrgica do ABC] também não mudou. Este documentário manda um recado para a nossa categoria: precisamos nos adequar a uma nova realidade, mas sem perder a nossa essência. Frei Betto, mais uma vez, nos ensina que nossos valores são fundamentais para garantir a sociedade que sempre almejamos”, destacou o dirigente sindical.

“Fico muito feliz por voltar a este Sindicato. Para quem não sabe, trabalhei 22 anos no ABC, de 1979 até 2002. Depois, em 2003, fui para o governo e segui outros caminhos na vida. No entanto, continuo muito ligado a esta região e aos Metalúrgicos do ABC. Quero agradecer a toda a diretoria do Sindicato por este convite. Esta atividade é a continuidade das comemorações dos meus primeiros 80 anos de vida, festejados em agosto”, agradeceu Frei Betto.

Educação popular e política

A produção inclui depoimentos de Frei Betto e de outros personagens que atuaram nas redes de educação popular no Brasil desde os anos 1970 com foco na conscientização política e no método Paulo Freire. Esses depoimentos trazem impressões e memórias de atores fundamentais no processo de formação de centenas de pessoas, incluindo importantes lideranças políticas no Brasil que contribuíram para a redemocratização do país.

Na conversa com os presentes, o teólogo ressaltou a falta de educação política que atinge grande parcela da população e resulta na eleição de representantes da extrema direita. Citou ainda as medidas sociais adotadas pela esquerda e reforçou a necessidade de que esse modelo de educação atinja todo o povo.

Foto: Adonis Guerra

“Benefício social é muito importante, mas não muda a cabeça do povo. Todos nós sofremos uma deseducação política 24 horas por dia, basta respirar. É na escola, na fábrica, na família, na igreja, ligando a televisão, a internet, o rádio, o tempo todo. É o sistema dizendo para nós que brancos são melhores que os negros, que os homens são melhores que as mulheres. É necessária uma ação efetiva para combater esse processo de deseducação”.