Nobel de Economia diz que Brasil está em boa posição
Para Paul Krugman,País está bem para reagir à crise e ano será de fortes ajustes nos EUA
Para Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2008, que está lançando o livro “The return of depression economics and the crisis of 2008” (“A volta da economia da depressão e a crise de 2008”), o Brasil ainda pode crescer este ano. Mas isso dependerá de sua habilidade em renegociar contratos de commodities e dos efeitos da crise sobre o comércio global.
“A economia brasileira está numa boa posição para resistir à crise, mas certamente sentirá seus efeitos. Tudo dependerá da capacidade do país em renegociar seus contratos de exportação e de financiar o seu setor produtivo”, afirmou Krugman a jornalistas estrangeiros.
Sobre estratégias para sair da crise, Krugman afirmou que os EUA estão certos e a Europa, errada. Ele disse que os países europeus que não adotarem pacotes de estímulo vão se arrepender mais tarde e que o euro pode vir a se desvalorizar, equiparando-se ao dólar.
“Precisamos agora de uma grande faxina nos bancos, acabar com os ativos podres. E precisamos sustentar os pacotes de estímulo por tempo suficiente para que essa faxina seja completa. Não será fácil, mas é o caminho para sair da crise”.
Ele ressaltou ainda que os Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China) estão em situação diferente na crise global: Brasil e Rússia dependem muito da exportação de commodities, enquanto China e Índia vendem manufaturados. E elogiou as medidas chinesas contra a crise, apesar de fazer a ressalva de não ter certeza de que os resultados positivos sejam verdadeiros.
Ele vê 2009 como um ano de fortes ajustes na economia americana, com o encolhimento do setor financeiro, o que terá consequências em Nova York.
“Eu diria mesmo que boa parte da conta da crise será paga por Manhattan…”, afirmou Krugman, que, no entanto, espera recuperação em alguns setores ainda este ano. – Acredito que por volta de setembro já teremos alguns índices positivos. Mas não creio que o emprego estará entre eles. Todas as crises americanas levaram a um longo período de desemprego elevado, e esta não será diferente.
Do O Globo