“Nós somos frutos da luta de vocês”

Encontro de gerações reuniu ex-presidentes, diretorias e trabalhadores na Sede pelos 65 anos dos Metalúrgicos do ABC. Campanha de arrecadação às vítimas das chuvas no RS continua

Foto: Adonis Guerra

“Deste Sindicato nasceram muitas lideranças; nasceu o maior partido de esquerda do país, o Partido dos Trabalhadores; nasceu uma das maiores centrais sindicais do mundo, a CUT, a Central Única dos Trabalhadores. Nós somos frutos da luta de vocês”, ressaltou o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, durante encontro de gerações no último sábado, 11, na Sede, pelos 65 anos do Sindicato celebrados domingo, 12.

Foto: Adonis Guerra

“Cada um e cada uma, independente do cargo que ocupou, foram importantes para que a gente chegasse até aqui. Cada direção enfrentou um momento de dificuldade da conjuntura da época, assim como nós enfrentamos as nossas agora”, disse o dirigente. “Mas todas as direções têm a mesma certeza: enquanto o projeto da classe trabalhadora não for hegemônico no nosso país, a luta vai continuar”.

Durante a atividade, Moisés agradeceu a participação da categoria, demais sindicatos, empresas, toda a sociedade e apoio dos Correios pela arrecadação e envio das doações às vítimas da maior tragédia climática no Rio Grande do Sul. A campanha continua no Sindicato e as entregas de água potável, roupas, ração, materiais de limpeza e higiene pessoal podem ser feitas na Sede, em São Bernardo; nas regionais, em Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra; e nas fábricas com CSE (Comitês Sindicais de Empresa).

Unidade

Foto: Adonis Guerra

O ministro do Trabalho e Emprego e ex-presidente do Sindicato, Luiz Marinho, lembrou quando chegou à direção em 1984. “O Sindicato era forte nesta época? Sim, era forte, mas você mandava uma pauta de reivindicação para empresas e muitas sequer respondiam. Nós fomos construindo tudo aos poucos. Sempre participamos de forma decisiva desse processo organizativo da classe trabalhadora e da disputa política”.

“Vocês seguramente escutam nas fábricas que o Sindicato não tem que se misturar com o debate político. Só que não há definição de transformação de cidade, território, estado e políticas públicas que não seja pelo debate e pela participação política. Precisamos conquistar outras pessoas que se apaixonem também pela luta porque é ela que pode transformar vidas”, afirmou Marinho.

O ministro contou ainda que esse processo organizativo, de passar essa experiência destas memórias é fundamental para a juventude encarar o seu desafio para liderar a categoria o quanto antes. “Nós agimos e nos comportamos como um time, que tem tarefa para todos. As cassações e intervenções fizeram parte do nosso aprendizado e, de lá para cá, de forma planejada, conversada, construída, com muita qualificação, seguimos em frente para novas conquistas”.

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 “Cheguei aqui neste solo sagrado da classe trabalhadora em 1981 e, ainda antes de morrer, gostaria de ter uma explicação do Lula e do Djalma Bom porque escolheram o meu nome para presidente. Acumulei a Central Única dos Trabalhadores e o Sindicato, duas tarefas absolutamente difíceis. Hoje estamos aqui porque o ditado diz que velho é o jovem que deu certo. Essa luta quem fez foram os trabalhadores de São Bernardo e Diadema, esteios desta casa”, Jair Meneguelli, presidente do Sindicato de 1981 a 1987

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“Nesta celebração quero valorizar o nosso povo e lembrar uma das lutas. Para mim, substituir o Meneguelli foi um desafio muito grande. Veio a Constituição de 88, Meneguelli pegou as malas e falou: ‘vou arrancar essas 44 horas semanais não só para nós, mas para toda classe trabalhadora’. Ele foi para Brasília e falou com cada deputado. E nós aqui fazendo mobilização, greve, gritando e sustentando o companheiro. Resultado, a Constituição aprovou as 44 horas para a classe trabalhadora”, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente do Sindicato de 1987 a 1994

Foto: Adonis Guerra

“Quantas histórias temos para contar, a jornada da vida dos trabalhadores é sempre árdua. Nós viemos aqui para conquistar algumas coisas, passamos a vida lutando e não vamos parar. Cada dia tem uma luta diferente. Enfrentávamos a direita e nunca imaginávamos que íamos enfrentar a ultradireita. Apesar da luta, da organização, da conscientização de classe, não estávamos conscientes e preparados para enfrentar o ódio”, Heiguiberto Della Bella Navarro, o Guiba, presidente do Sindicato de 1994 a 1996

Foto: Adonis Guerra

“Quando uma entidade como o Sindicato completa 65 anos de vida, quem deve ser homenageado? Ex-presidentes, diretorias, mas a gente não pode esquecer dos milhares de companheiros que fizeram as greves nas fábricas e também os desta casa que muito trabalharam para construir essa história. Faremos um grande ato no Congresso Nacional em maio e contamos com todos em Brasília para destravar a pauta da classe trabalhadora e garantir uma agenda permanente”, Sérgio Nobre, presidente do Sindicato de 2008 a 2011 e atual presidente da CUT Nacional

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“Este sindicato tem muitos filhos e filhas. Os trabalhadores de hoje, os trabalhadores de ontem, a militância de hoje, a militância de ontem. É importante reunir esses filhos. Aqui tem conquistas, muita produção de riqueza humana, organizativa e de propostas. O Sindicato apostou em medidas que valorizam a classe trabalhadora, valorizam nossa capacidade de interlocução com a sociedade em vários momentos importantes na história do país”, Rafael Marques, presidente do Sindicato de 2011 a 2017 e atual presidente do TID Brasil

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“Todos nós somos produtos das diretorias que aqui estiveram, das intervenções que a entidade sofreu, de gerações que tiveram coragem de agir e daqueles que herdaram o Sindicato nas quatro intervenções da ditadura militar. Foi essa coragem de vocês que nos permitiu falar hoje, debater e comemorar os 65 anos de luta pela democracia, 65 anos de luta por igualdade de direitos, 65 anos de promoção da equidade na nossa sociedade”, Wagner Firmino de Santana, o Wagnão, presidente do Sindicato de 2017 a 2022

Foto: Adonis Guerra

“O Sindicato é de quem quiser participar. Tem coisas que precisamos retomar, mas só será possível com engajamento, se soubermos cobrar e em quem votar. Trouxemos duas ministras aqui, das pastas da Mulher e Igualdade Racial, porque a classe trabalhadora tem sexo e raça. Tem mulher, tem mulher preta, tem homem preto, tem jovem preta, tem mulher deficiente, tem a comunidade LGBT. Hoje estou responsável pelas Comissões de Cidadania e juntos vamos avançar ainda mais”, Andrea de Souza, a Nega, diretora executiva do Sindicato e coordenadora do Coletivo de Mulheres Metalúrgicas do ABC

Foto: Adonis Guerra

“Vim aqui para dizer que meu prato preferido pode até ser macarronada com manjericão, mas eu me alimento mesmo é de política. Eu adoro política. Não me arrependo de nada, de nenhuma luta. Estou no Sindicato porque aqui é minha casa, minha família. Embora eu não venha com tanta frequência agora, mas quando me chamam eu estou pronta para mostrar que a mulher cabe em qualquer lugar, para mostrar aos jovens e a todos que a luta continua”, Olga Irene do Nascimento, primeira mulher eleita para exercer cargo de representação em uma montadora de automóveis no país, a Volks

Foto: Adonis Guerra

“O que dizer deste Sindicato que faz história neste país? É a história da minha vida porque eu sou filha de metalúrgico, é de berço. É uma alegria dizer que a juventude não é o futuro do Sindicato, a juventude está presente, a juventude é o agora, a juventude está aqui ajudando na arrecadação às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul. Me alegra dizer que vamos continuar esta história porque temos todos vocês para ensinar as lutas que vamos enfrentar daqui para frente”, Beatriz Batan da Silva, a Bia, trabalhadora na Volks