Nova classe média aumenta investimentos chineses no Brasil
O fenômeno da nova classe média representou a inserção de milhões de brasileiros das classes C e D entre os consumidores brasileiros. Dentre as diversas consequências para a economia está o aumento dos investimentos chineses no país nos últimos anos. É o que demonstra estudo realizado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
Abrangendo o período de 2007 a 2012, a pesquisa demonstrou que o ano de 2010 representou um ponto chave nos investimentos do país asiático no Brasil: se nos três anos anteriores foram injetados apenas US$ 600 milhões, em 2010 registrou-se investimentos de US$ 13 bilhões. É curioso perceber que o foco dos investimentos nesse ano foi no setor de recursos naturais, e não na busca de mercado – como nos anos seguintes. O coordenador de pesquisa do CEBC e um dos autores do estudo, André Soares, explica que o boom de 2010 se deve, entre outros fatores, à crise global de 2008, na qual muitas empresas estrangeiras tiveram de se desfazer de alguns de seus ativos por preços relativamente mais baixos. Esse panorama favoreceu empresas chinesas – especialmente da área de petróleo e gás– que adquiriram ativos europeus e americanos operantes no Brasil.
A partir de 2011, verificou-se uma mudança no foco dos investimentos, que passou a ser a busca de mercado. Aliada à queda dos mercados norte-americano e europeu, a ascensão de uma nova classe consumidora no Brasil não deixou de ser notada pelos chineses, que entraram fortes em setores como eletroeletrônicos e automóveis. Além disso, os grandes eventos dos próximos anos e as obras do PAC estimularam o setor de construção civil, no qual empresas do país asiático também operam fornecendo principalmente maquinário.
Soares acredita que, nos próximos anos, os investimentos devem continuar, e aposta em duas áreas: no petróleo, devido aos próximos leilões do pré-sal, onde há expectativa de grandes investimentos chineses, e na área de infraestrutura logística. Os chineses importam muitas commodities do Brasil, necessitando assim participar de parcerias para melhorar a infraestrutura logística brasileira, de maneira a diminuir o valor do que eles mesmos importam.
Por que o Brasil
Segundo Soares, além de questões políticas com os Estados Unidos, o gigantismo do mercado norte-americano por si só impediria a busca de outras áreas da América Latina, região para onde a China começou a olhar com outros olhos quando percebeu seus mercados no exterior em declínio por causa da crise de 2008. O México, outro possível destino, possui estruturas de monopólios em diferentes mercados. Então o Brasil, com um grande mercado consumidor, base industrial, fornecedores e boa posição para operações de logística na região, surgiu como o melhor destino para os investimentos chineses.
Do Terra