Novas taxas de juros ainda não estão claras

Pesquisas mostram que as quedas nas taxas anunciadas pelas instituições financeiras ainda são seletivas, como denunciou o Sindicato. CSEs continuam pressionando empresas a buscar bancos com juros menores


Foto: Reprodução 

Bancos privados anunciaram com es­tardalhaço nas últimas semanas fortes quedas nas taxas de juros, mas ainda não deixaram claro quais são seus critérios para o consu­midor fazer emprésti­mos com as vantagens divulgadas.

Em sua edição do dia 19, a Tribuna Me­talúrgica já publicava matéria recomendan­do que os trabalhado­res tivessem cautela e analisassem bem as propostas das institui­ções financeiras antes de fazer qualquer ne­gócio.

Para conferir se os bancos falam a verda­de, o jornal Diário do Gran­de ABC foi verificar as condições dos emprés­timos e confirmou que as reduções das tarifas não conferem com os anúncios.

No Bradesco, a pesquisa publicada pe­lo jornal mostra que agências do banco na região só aplicam a ta­rifa de 0,97% ao mês, para compra de carros novos, se o cliente pa­gar 40% de entrada do preço do automóvel e o restante em até quatro parcelas.

No Itaú é a mesma coisa, segundo o jornal da região. Suas taxas são apenas para clien­tes que mantêm conta com a instituição há pe­lo menos um ano. Os juros mínimos, neste caso, também são dire­cionados a operações com 50% de entrada e o restante em até 24 vezes.

Consultadas pelo Diário, as instituições disseram que ainda estão informando os funcionários de suas agências como aplicar as novas tarifas.

Privilegiados
Nem todos con­cordam com a justifi­cativa. “Estou enten­dendo quais clientes vão conseguir essas ta­xas. Serão aqueles com muitos negócios nos bancos. Com alto nível de relacionamento, no mínimo, ou renda al­ta”, afirmou ao Diário o professor do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) e vice-presi­dente da Ordem dos Economistas do Brasil, José Dutra Sobrinho.

Nota do Dieese
O DIEESE divul­gou nesta terça-feira (24) , uma nota técnica, que aponta para a necessidade de redução das taxas de juros e elevação das operações de crédito, como forma de aumen­tar os investimentos, gerar emprego e renda, e fortalecer ainda mais o mercado interno na busca de um cresci­mento mais sustentável para o país, sobretudo diante de um cenário de instabilidade eco­nômica internacional.

“É preciso que as instituições financei­ras ajam com transpa­rência e deixem claro quais serão as novas taxas de juros aplica­das e as condições para ter acesso a elas. E o consumidor precisa cobrar e comparar as melhores condições de crédito”, disse a presi­denta do Sindicato dos Bancários de São Pau­lo, Juvandia Moreira. 


Wagnão fala durante assembleia do dia 19. Foto: Raquel Camargo / SMABC

Sindicato prossegue com pressão
Analisando estes dados, o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão voltou a alertar que é necessária muita atenção dos trabalhadores na hora de contrair os empréstimos.

E ressaltou que a decisão tomada em assembleia no Sindicato no último dia 19 continua válida. “Independente das novas taxas já estarem valendo, os CSEs da base devem continuar pressionando as empresas onde atuam a transferir suas contas para os bancos que prometem cobrar taxas mais baratas”, afirma.

O dirigente lembra que é reivindicação do Sindicato cobrar do governo federal para que as instituições financeiras derrubem suas taxas – o Banco Central também cortou os juros na semana passada.

“Mas para essa política beneficiar os metalúrgicos do ABC é necessário que os CSEs continuem negociando com as empresas a busca de bancos com juros mais baixos”, finalizou Wagnão.

Da Redação